A Grécia não sofre apenas com a crise da dívida. Nos últimos 25 anos, uma das piores ameaças que tem enfrentado é o das queimadas no período de seca, em julho e agosto.

As queimadas destruíram mais de 10% da cobertura florestal e da terra agrícola da Grécia em 25 anos. O ano de 2005 foi o mais destrutivo. O ano de 2007 teve o maior número de vítimas fatais. A área mais atingida é a península do Peloponeso, o território mais ao sul do país.

Relatório do Instituto Grego de Pesquisa Agropecuária (Ethiage), em associação com o escritório do WWF na Grécia, diz que a área total destruída pelo fogo em 25 anos (1983-2008) foi de 1,3 milhões de hectares. “Numa base anual, foram registrados 1465 queimadas, atingindo 52000 hectares de florestas e terras agrícolas”. O relatório foi publicado pela agência de notícias Atenas, segundo a AFP.

A região mais afetada foi a da península do Peloponeso, onde se concentraram 19% das queimadas, destruindo 27% das florestas e da agricultura. A causa dessas queimadas não tem sido identificada adequadamente, mas em torno de 11% foram comprovadamente fogos intencionais e criminosos. Outros 9% foram identificados como resultado de uso de fogo por agricultores em suas propriedades.

A maior parte das queimadas tem ocorrido no mês de agosto. O fogo se alastra com rapidez, levado pelos ventos do norte que sopram forte nessa época do ano. O mês mais destrutivo tem sido o de julho, o mais quente do ano, na média. Uma das queimadas mais trágicas ocorreu em 2007, matando 77 pessoas e destruindo 250000 hectares, a maioria no Peloponeso e na ilha de Eubéia, a segunda maior depois de Creta.

 

O fogo tira vidas, devasta as matas, prejudica a agricultura e destrói patrimônio histórico e arqueológico de alto valor. Desta forma, adquire significado econômico, além de sua trágica dimensão humana e ambiental, prejudicando a produção de alimentos e o turismo.

Com a crise da dívida e a austeridade fiscal imposta ao país pelo programa de reestruturação fica difícil imaginar que o governo será capaz de fazer os investimentos vultosos necessários a um bom programa de prevenção de queimadas.

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** Publicado originalmente no site Ecopolítica.