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Hispânicos podem decidir eleições nos Estados Unidos

População hispânica dos EUA, um dos principais grupos eleitorais, se prepara para a disputa do ano que vem. Foto: AP.

 

Washington, Estados Unidos, 13/7/2012 – A população de origem latino-americana aumenta nos Estados Unidos, e isso terá um efeito decisivo nos próximos resultados eleitorais, afirmam especialistas. Nas altamente disputadas eleições presidenciais norte-americanas, “um par de centenas de eleitores hispânicos pode fazer a diferença”, disse Roberto Suro, diretor do Instituto Tomás Rivera de Políticas, da Universidade do Sul da Califórnia.

O impacto será especialmente significativo nos Estados mais disputados, como a Flórida, que conta com 39 votos eleitorais, e onde 22,9% da população é hispânica. A previsão é de que a quantidade de hispânicos ou latinos nos Estados Unidos mais do que dobrará até 2050, chegando a 24% da população total norte-americana (mais de 102 milhões de pessoas), segundo o Escritório de Censos.

De acordo com a Associação Nacional de Funcionários Latinos Eleitos e Designados, a crescente população hispânica se consolida como um “importante bloco eleitor”. A cada mês, cerca de 50 mil latinos nos Estados Unidos completam 18 anos e, portanto, passam a estar habilitados para votar. Nas eleições presidenciais de 2008, houve um recorde: 9,7 milhões de latinos foram às urnas, contra 7,6 milhões em 2004.

Entretanto, os hispânicos que votam continuam representando uma pequena porcentagem. Segundo o Escritório de Censos, 40% da população latina não se registrou para votar, e 50% não votou em 2008. Os hispânicos poderiam representar um fator decisivo nas eleições presidenciais deste ano, observou Tamar Jacoby, a presidente da ImigrationWorks USA, organização dedicada a temas relacionados com a reforma migratória.

Nas eleições de 2010 para membros do Congresso, governadores e legislaturas estaduais, três candidatos latinos, todos do opositor Partido Republicano, se candidataram e foram eleitos. Brian Sandoval se converteu no primeiro governador hispânico do Estado de Nevada, enquanto, no Novo México, Susana Martínez passou a ser a primeira governadora hispânica na história dos Estados Unidos, e na Flórida Marco Rubio ganhou uma vaga no Senado.

Um dos candidatos mais intrigantes neste ciclo eleitoral foi Rubio, mencionado como um potencial, embora pouco provável, companheiro de chapa do quase certo candidato presidencial republicano Mitt Romney. “Sua maior vantagem é que pode trazer vários latinos para o seu lado”, afirmou Manuel Roig-Franzia, autor de The Rise of Marco Rubio (O Surgimento de Marco Rubio), ao participar de um painel organizado pela New America Foundation. Apesar de estes latinos eleitos serem republicanos, os eleitores hispânicos tendem a votar em candidatos do governante Partido Democrata.

Segundo pesquisas de boca de urna feitas pelo Pew Hispanic Center em 2010, 60% dos eleitores latinos apoiaram candidatos democratas para a Câmara de Representantes, enquanto 38% apoiaram os republicanos. Nas últimas eleições presidenciais, de 2008, os latinos apoiaram Barack Obama por margem superior a dois por um contra seu adversário, o republicano John McCain, segundo o Centro Roper de Pesquisa sobre Opinião Pública, da Universidade de Connecticut. Porém, as circunstâncias são diferentes para as eleições deste ano, o que pode afetar a votação dos latinos.

De acordo com o Escritório de Estatísticas Trabalhistas, a taxa de desemprego entre os hispânicos era de 11% em junho, maior do que a registrada em nível nacional, de 8,2%. Outro tema espinhoso para a população latina tem a ver com as deportações. Obama tentou flexibilizar a política de deportação no começo deste ano, o que lhe rendeu elogios e também críticas por ter realizado uma manobra política. No entanto, seu governo deportou mais pessoas do que o de George W. Bush (2001-2009). De acordo com o Escritório de Imigração e Aduanas, os Estados Unidos deportaram quase 400 mil não documentados em 2011, o maior número da história. Envolverde/IPS