O banco decidiu não recorrer das acusações judiciais no país depois de o Senado dos Estados Unidos ter comprovado seu envolvimento com fundos de cartéis mexicanos.
Uma semana depois da divulgação do relatório do Senado dos Estados Unidos que acusava o HSBC de ter exposto o país à rede de terrorismo e lavagem de dinheiro, o maior banco europeu pagou uma multa de 22,7 milhões de euros no México pelo seu fraco sistema de controle no país.
Segundo a Comissão Nacional Bancária e de Valores, as filiais do HSBC no México deixaram de cumprir as regras para a prevenção de lavagem de dinheiro durante operações realizadas em 2007 e 2008. O valor da multa representa mais da metade do lucro obtido pelas agências bancárias mexicanas em 2011, e é a maior sanção imposta por autoridades mexicanas contra uma instituição financeira.
A multa, que foi emitida em 7 de novembro de 2011, foi paga somente nesta quarta-feira (25/7) porque o banco desistiu de recorrer na Justiça contra as acusações. O HSBC mexicano emitiu uma declaração reconhecendo que falhou em relatar 39 transações suspeitas e se atrasou em relatar outras 1.729.
“O HSBC México reconhece que não conseguiu cumprir rigorosamente a regulamentação bancária, nem as normas que os reguladores e clientes esperam de nossa instituição e se desculpa”, diz a nota. O banco está entre os cinco maiores no México com mais de 1,4 mil agências e seis milhões de clientes.
Provas da lavagem de dinheiro
A decisão do HSBC vem uma semana depois do Senado norte-americano ter publicado um relatório que contém diversas provas de seu comportamento irregular referente a ações bancárias ilícitas, incluindo no país mexicano.
Segundo o documento, o banco continuou a realizar negócios com casas de câmbio mexicanas apesar das crescentes suspeitas de que estariam ligadas à lavagem de dinheiro do narcotráfico, enquanto outros bancos pararam de se relacionar com essas instituições. O banco “não tomou medidas decisivas para enfrentar essas filiais e colocar um fim à conduta”, diz o relatório.
De acordo com as informações, as casas mexicanas possuíam uma filial nas Ilhas Cayman que mesmo movimentando 1,7 bilhão de euros em apenas um ano, não possuía funcionários nem escritório. O documento também aponta que unidades do banco nos Estados Unidos receberam 5,8 bilhões de euros das casas, transportados por aviões ou carros durante os anos de 2007 e 2008.
Além da multa emitida pelas autoridades mexicanas, o HSBC terá que responder às acusações judiciais nos Estados Unidos. Analistas estimam que o banco terá de pagar cerca de US$ 1 bilhão, referente ao processo norte-americano, informou a rede Al-Jazeera.
Escândalos financeiros
O HSBC, considerado a maior instituição financeira da Europa, não foi o único banco britânico a enfrentar acusações por ter realizado ações irregulares no mercado. O Barclays, segundo maior banco da Grã-Bretanha, mentiu de 2007 a 2012 sobre a sua liquidez para dizer-se mais sólido do que realmente era.
Os bancos sediados em Londres, como HSBC e Barclays, geraram receita de 41 bilhões de euros para os cofres britânicos em 2010, dinheiro suficiente para aliviar quase metade do déficit da balança comercial do Reino Unido com a Europa. Eles são considerados imprescindíveis pelo governo de David Cameron, do Partido Conservador, que preferiu romper com a União Europeia no final do ano passado a aumentar taxas e controles sobre suas operações.
As multas podem ser suficientes para apaziguar as instituições políticas, mas não para acalmar a ira da população europeia e norte-americana que enfrenta um período de dura crise econômica.
* Publicado originalmente no site Esquerda.net e retirado do site Revista Fórum.