Washington, Estados Unidos, 27/6/2012 – A Ásia superou a América Latina como maior fonte de imigrantes nos Estados Unidos, segundo novo estudo. Além disso, os norte-americanos de origem asiática possuem renda mais alta e melhor educação do que qualquer outra minoria racial neste país. O estudo de 214 páginas, divulgado este mês pelo Pew Research Centre, indica que os asiáticos-norte-americanos agora representam quase 6% da população total do país, ou 18,2 milhões de pessoas.
Isto revela que essa minoria quintuplicou desde 1965, quando alguns aspectos da lei de imigração foram flexibilizados para permitir a entrada de mais estrangeiros não europeus. A imigração asiática aumentou firmemente a partir daquele ano, segundo o informe O crescimento dos asiáticos-norte-americanos. No entanto, esse crescimento teria sofrido uma aceleração nas últimas décadas. Três em cada quatro norte-americanos de origem asiática nasceram no exterior. Os japoneses constituem o único subgrupo no qual há maioria de nascidos nos Estados Unidos.
“Há um século, a maior parte dos asiáticos-norte-americanos era de trabalhadores não qualificados e com baixos salários, que viviam concentrados em enclaves étnicos, e eram alvo de discriminação oficial”, diz o informe. “Hoje, são o grupo étnico e racial com maior probabilidade nos Estados Unidos de viver em bairros mistos e de se casar em matrimônio inter-racial”, acrescenta. Isto é parte de uma tendência que parece indicar que os norte-americanos se tornam mais tolerantes em relação aos imigrantes, especialmente os procedentes da Ásia.
Um estudo do Pew feito em 2010 revelava que, entre os norte-americanos brancos consultados, 62% disseram sentirem-se cômodos se tivessem um familiar casado com alguém de outra raça ou etnia, tanto negro quanto hispânico ou asiático, contra 51% em 2001. Os de origem chinesa constituem o maior subgrupo de todos os asiáticos-norte-americanos, com cerca de quatro milhões de pessoas, ou 23% do total. Em seguida aparecem os de origem filipina (3,4 milhões), indiana (3,2 milhões), vietnamita (1,74 milhão), coreana (1,71 milhão) e japonesa (1,3 milhão). “Muitos asiáticos vêm para os Estados Unidos porque ainda veem neste país uma terra de oportunidades”, opinou Andrey Lam, editor do New America Media, coalizão de organizações de mídia de grupos étnicos, em conversa com a IPS.
O informe, baseado em parte em entrevistas por telefone em inglês e outros sete idiomas, e com amostras representativas em todo o país de mais de 3,5 mil asiáticos-norte-americanos, também concluiu que esse grupo étnico dá maior ênfase na obtenção de educação superior e em trabalhar mais duro do que outras minorias. Enquanto 93% dos entrevistados disseram crer que os membros de sua minoria são “trabalhadores muito duros”, apenas 57% disseram o mesmo da população norte-americana em geral.
Os asiáticos-norte-americanos se destacam por seus êxitos na educação. Enquanto 26% da população dos Estados Unidos, em geral, tem título de licenciado ou superior, dentro da minoria de origem asiática a proporção chega a 49%, 18 pontos percentuais a mais do que os brancos. Segundo o Departamento do Trabalho, a taxa de desemprego entre os de origem asiática é de 7,5%, menor do que a de qualquer outro grupo demográfico, incluindo os brancos (8,7%), negros (16%) e hispânicos (12,5%), e inclusive menor do que a taxa nacional, de 8,2%.
Porém, a situação em matéria de educação e renda pode variar significativamente entre os diferentes subgrupos asiáticos. Os de origem indiana, por exemplo, lideram os demais, e os de ascendência coreana e chinesa sofrem as maiores taxas de pobreza. E, enquanto a renda média das famílias norte-americanas em 2010 era de quase US$ 50 mil, para os de origem asiática chegava a US$ 66 mil, segundo o informe.
Dados do Escritório de Censos vão na mesma linha: entre 2002 e 2007, os negócios de propriedade de asiáticos-norte-americanos aumentaram 40,4%, somando 1,5 milhões, gerando mais de US$ 1 trilhão e empregando quase três milhões de pessoas. “Os negócios de propriedade de asiáticos continuam sendo um dos segmentos mais fortes da economia de nossa nação”, destacou o diretor do Escritório, Thomas Mesenbourg.
A informação do Pew também mostra que os imigrantes asiáticos superaram os hispânicos em algum momento entre 2007 e 2010. Em 2007, aproximadamente 540 mil hispânicos chegaram aos Estados Unidos, tanto documentados quanto sem documentos legais, contra apenas 390 mil asiáticos. Contudo, até 2010, chegaram a este país 430 mil asiáticos, 36% do número total de imigrantes, contra 370 mil hispânicos. Esta mudança parece ser o resultado de uma redução na imigração hispânica, desestimulada pela crise financeira de 2008, pelas severas leis estaduais, pelos maiores controles de segurança e por dificuldades no setor da construção, que empregava muitos latino-americanos. Envolverde/IPS