Ranking realizado pelo Instituto de Adaptação Global leva em conta a prontidão e a vulnerabilidade de cada país e coloca o Brasil em 63º de uma lista com 161 nações, na qual os primeiros lugares são ocupados por europeus e os últimos por africanos.
Já há algum tempo as nações mais pobres do planeta e os pequenos países insulares são considerados os mais vulneráveis às mudanças climáticas e por isso deveriam ser os primeiros a receber a ajuda internacional. Dar embasamento para essa teoria é o principal objetivo do Índice de Adaptação Global (GaIn), que foi publicado neste mês e que avaliou inúmeros fatores para chegar a um ranking mundial que combina dados da prontidão de um país e de sua vulnerabilidade.
A posição final das nações no ranking foi estabelecida após o cálculo de sua prontidão menos o valor designado para a sua vulnerabilidade. Assim, mesmo países localizados em áreas de risco podem estar melhor no índice porque já possuem políticas de adaptação.
Para o cálculo da vulnerabilidade de cada país foram avaliados a exposição às consequências das mudanças climáticas, a sensibilidade a esses impactos e a capacidade para lidar com eles. Quatro outros indicadores também foram levados em conta: água, alimento, saúde e infraestrutura.
Já a pontuação em prontidão mede a habilidade dos setores público e privado de um país para absorver investimentos e aplicá-los de forma eficiente para aumentar a resiliência às mudanças climáticas. Três elementos são chave para a prontidão: economia, dados sociais e governança.
O Instituto de Adaptação Global avaliou segundo esses critérios todos os 192 países membros da ONU, mas para muitos deles foi impossível ter acesso às informações necessárias para incluí-los no ranking. Os dados dizem respeito ao período de 1995 a 2010.
No topo do GaIn estão os países mais bem preparados e aparecem em destaque nações europeias. A Dinamarca ficou com o primeiro lugar, seguida pela Suiça e Irlanda.
Interessante é que a quarta e quinta colocações são ocupadas pela Austrália e Nova Zelândia, nações que já sofrem com secas e ondas de calor e podem ser consideradas em risco por estarem localizadas geograficamente em uma região muito vulnerável ao aquecimento global. A boa classificação desses países se deve a postura proativa dos governos em adotar políticas climáticas, como mercados de carbono e limites de emissões de gases do efeito estufa.
No outro extremo do ranking aparecem os países africanos e as pequenas nações insulares. A República Centro-Africana está em último lugar, sendo assim o lugar mais vulnerável e menos preparado do planeta para lidar com as mudanças climáticas. Zimbábue, Burundi, Chade e Etiópia também estão no fim do índice.
O Brasil ficou em 63º no GaIn, apresentando uma baixa pontuação em vulnerabilidade – ocupando a posição 75 neste quesito – e uma boa classificação na prontidão (26º). O Instituto de Adaptação Global afirma que existem desafios climáticos para o país, mas que dificilmente o Brasil precisará de ajuda internacional para lidar com eles.
De uma forma geral, as nações emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e México) melhoraram sua situação nos últimos anos, diminuindo sua vulnerabilidade e aumentando a prontidão. Porém, a Índia pode sofrer muito com a falta de tecnologia na produção de alimentos e a China com a escassez de recursos hídricos.
“Acreditamos que criar os incentivos corretos e expandir nosso conhecimento e entendimento das necessidades de adaptação é indispensável para melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas ao redor do mundo. Queremos que o GaIn se torne uma ferramenta de consulta para direcionar os investimentos públicos e privados para mitigar as mudanças climáticas”, explicou José María Aznar, ex-presidente da Espanha e Presidente do Conselho do Instituto de Adaptação Global.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.