Em 2010, a indústria pesqueira excedeu sua quota de atum-rabilho do leste do Atlântico (Thunnus thynnus) em 141%, de acordo com uma nova análise do Grupo Pew Environment. A análise depende de dados oficiais, deixando de fora, portanto, o grande mercado negro do atum-rabilho do Atlântico.
Décadas de sobrepesca levaram o rabilho do Atlântico para a lista de Criticamente Ameaçados ou Em Perigo Crítico (CR), como classifica a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN); além disso, o manejo do peixe pela Comissão Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico (Iccat) foi prejudicado pela corrupção e por regulamentações confusas. Segundo o Pew, novas medidas adotadas pela Iccat – incluindo uma quota reduzida e um sistema de documentação em papel – claramente não foram suficientes para evitar que a indústria pesqueira passasse por cima da quota de 2010.
O grupo ambiental sugere que a Iccat deve substituir a documentação em papel pela eletrônica.
“Um sistema eletrônico forneceria uma informação mais precisa que poderia ser facilmente compartilhada e instantaneamente verificada. Tal programa poderia também incluir um código de barras físico para cada rabilho, o que poderia ser facilmente administrado e não seria muito caro. Isso permitiria que os peixes fossem rastreados desde o mar até o prato”, explicou Lee Crockett, diretor do Pew de conservação do atum-rabilho do Atlântico, em um comunicado à imprensa.
Em 2009, cientistas da Iccat recomendaram uma moratória total para a pesca do rabilho do Atlântico, já que a biomassa da espécie tinha caído para menos de 15% da biomassa histórica antes da pesca industrial. No entanto, em vez de atender às recomendações dos pesquisadores da Iccat, o grupo estabeleceu uma quota de 13,5 mil toneladas. A Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (Cites) também não protegeu o rabilho do Atlântico em 2010, após uma grande pressão por parte do Japão.
O atum-rabilho do Atlântico é vendido principalmente no Japão para sushi de primeira qualidade. É um negócio lucrativo, estimado em US$ 7,2 bilhões por ano. Um único peixe pode às vezes ser vendido por mais de US$ 100 mil no Mercado de Peixes de Tóquio.
Tradução: CarbonoBrasil.
* Publicado originalmente pelo Mongabay e retirado do site CarbonoBrasil.