Pesquisadores do Met Office, o serviço meteorológico britânico, utilizaram técnicas avançadas para avaliar qual a probabilidade de um período atípico de secas na África ter sido influenciado por mudanças climáticas causadas pelas atividades humanas.
Com dois anos de secas contínuas durante o período de chuvas, o leste africano passou por muitas dificuldades no período 2010-2011, inclusive chegando a divulgar alertas de crise alimentar.
As modelagens utilizadas pelos pesquisadores permitiram avaliar a probabilidade de ocorrência dos padrões climáticos que levaram à seca, considerando um cenário com influência das emissões antrópicas de gases do efeito estufa no clima e outro sem este fator.
A conclusão é que há evidencias substanciais de que a influência humana contribuiu, pelo menos em parte, para o aumento no risco das condições secas vistas durante a temporada de chuvas em 2011. O quanto contribuiu é que segue difícil de determinar. Os pesquisadores afirmam que foi algo entre 24% e 99%, mas que ainda estão trabalhando para chegar a um percentual mais preciso.
A grande amplitude das estimativas de magnitude da influência humana se deve às incertezas no padrão estimado das mudanças antrópicas na temperatura da superfície do mar, notam os pesquisadores.
“Raramente é possível declarar que um evento é totalmente causado por mudanças climáticas antropogênicas e seriam impossíveis sem elas”, comentou Peter Stott, chefe de monitoramento e atribuição climática do Met Office.
Stott diz que as pesquisas, sob a Iniciativa para Atribuição de Eventos relacionados ao Clima, têm como objetivo compreender quando é possível estimar as chances de ocorrência de tipos específicos de eventos climáticos extremos e para quais tipos aprimoramentos são necessários.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.