Instituto Mamirauá monitora onça rara na Amazônia

A onça-preta capturada era um macho de 55 quilos. Foto: Emiliano Ramalho
A onça-preta capturada era um macho de 55 quilos. Foto: Emiliano Ramalho

 

O Instituto Mamirauá está monitorando um tipo raro de onça na Amazônia: a onça-preta. O monitoramento vem sendo possível desde outubro, quando o espécime foi capturado em uma das trilhas de pesquisa da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Pesquisadores instalaram uma coleira de rádio GPS no animal e sua posição é conhecida a cada dois dias. Das 15 onças-pintadas capturadas desde o início da pesquisa em 2008, apenas uma era preta.

Pesquisador durante a montagem da armadilha fotográfica. Foto: Marcelo Santana
Pesquisador durante a montagem da armadilha fotográfica. Foto: Marcelo Santana

 

“Apesar de serem frequentemente confundidas como uma espécie distinta da onça-pintada (Panthera onca), as onças-pretas são, na verdade, indivíduos melânicos de onça-pintada que desenvolvem esta característica por causa de uma mutação”, disse o pesquisador Emiliano Esterci Ramalho, responsável pelo projeto que estuda a ecologia da onça-pintada nas florestas inundáveis de várzea da Amazônia. O principal objetivo do estudo é entender como as onças-pintadas se comportam e usam o habitat da região quando o nível da água sobe e alaga esse tipo de floresta.

Desde a captura, a onça-preta vem sendo monitorada por telemetria. Foto: Marcelo Santana
Desde a captura, a onça-preta vem sendo monitorada por telemetria. Foto: Marcelo Santana

 

Para capturar as onças-pintadas, trinta armadilhas de laço foram utilizadas, espalhadas em seis trilhas identificadas como locais de passagem de onças. Durante a campanha, a equipe percorria diariamente as trilhas para verificar as armadilhas e se algum animal havia sido capturado. Ao mesmo tempo, a equipe avaliava os vestígios da presença de onças-pintadas na área, para aproximar as armadilhas dos locais onde as onças estavam andando durante a campanha. Segundo Emiliano, a onça-preta capturada era um macho de 55 quilos, mas, dias antes, uma fêmea havia sido fotografada pelas armadilhas fotográficas na mesma trilha.

Desde a captura, a onça-preta vem sendo monitorada por telemetria. Foto: Marcelo Santana
Desde a captura, a onça-preta vem sendo monitorada por telemetria. Foto: Marcelo Santana

 

“O espécime capturado tinha boa condição corporal, dentes brancos e pouco gastos (indicação de que é ainda um animal adulto jovem). Amostras de sangue foram coletadas para avaliar a presença ou não de patógenos, além de outros exames complementares como hemograma e perfil bioquímico para estabelecer o estado de saúde do indivíduo capturado”, afirmou a veterinária Louise Maranhão.

A onça-preta é frequentemente confundida como uma espécie distinta da onça-pintada. Foto: Emiliano Ramalho
A onça-preta é frequentemente confundida como uma espécie distinta da onça-pintada. Foto: Emiliano Ramalho

 

A onça-preta capturada foi o primeiro animal que teve o colar GPS instalado nesta campanha. As atividades serão retomadas em fevereiro, quando se pretende instalar mais quatro colares.

* Publicado originalmente no Instituto Mamirauá.