Os impactos ambientais e sociais e os potenciais das diversas energias disponíveis foram abordados pelo físico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Pingueli Rosa, que também é secretário do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Ele palestrou sobre ciência e inovação para uma sociedade sustentável na manhã desta sexta-feira (18/11), no Rio de Janeiro, durante o IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, que reúne, na PUC-RJ, mais de 500 pessoas, entre jornalistas e estudantes.
Para o pesquisador, que diz discordar do veto às hidrelétricas, a sustentabilidade desse sistema é questionável, pois apresenta pontos positivos e negativos. Entre os positivos estão ser uma energia renovável, emitir menos poluentes do que a energia termelétrica e por hoje existir a possibilidade de as usinas serem construídas a fio d´água, com reservatórios minimizados, “porém com fator de reserva de água reduzido”, analisa. Já entre os aspectos negativos, Pingueli cita os impactos sociais e ambientais na construção e inundação de grandes áreas, a emissão de gases de efeito estufa, principalmente em regiões tropicais, e o fato de ter baixa capacidade, que no Brasil é em média de pouco mais de 50%. “No caso da polêmica hidrelétrica de Belo Monte, o fator de capacidade é baixo, de apenas 42%”, diz.
“O Brasil usa um terço do potencial hidrelétrico, assim como usamos também um terço da cana-de-açúcar para a produção de etanol”, analisa Pingueli, ao destacar que o uso desse biocombustivel ultrapassou a gasolina. Ele lamenta que hoje o Brasil importe etanol de milho dos Estados Unidos, “o que é um vexame diante das emissões de gases de efeito estufa”.
Alternativas
Para Pingueli, a biomassa e a energia eólica, por serem sazonais, poderiam ser complementares às hidrelétricas. A projeção de crescimento da energia eólica no Brasil é de 529%, entre os anos de 2010 e 2015. Em segundo e terceiro lugares, estão as energias a carvão e óleo, “o que é ruim”, afirma, ao observar que o carvão vegetal tem substituído o mineral, tendo, como impacto negativo, o desmatamento.
As outras formas de energia também foram analisadas por Pingueli, que afirmou não existir energia santa, pois todas geram impactos. As termelétricas, então, são ineficientes e muito poluidoras. “O governo não deveria investir nas nucleares, pela insegurança, mas já que Angra 3 está em desenvolvimento, que seja concluída direito”, alerta.
Pingueli é um defensor da energia a partir dos resíduos sólidos. “O lixo como energia traria impactos positivos na eliminação dos lixões”, diz, ao defender ainda o repasse de royalties para pescadores, agricultores e comunidades indígenas atingidos por hidrelétricas e outras formas de energia. “É preciso investir em tecnologias. O Brasil leva um banho de dez a zero dos asiáticos e coreanos, que priorizam não apenas estudar, mas aplicar as tecnologias. Deveríamos investir mais”, finaliza.
* Publicado originalmente no site do IV Congresso de Jornalismo Ambiental.