“O meio ambiente é um daqueles temas transversais, está incluído em qualquer coisa que fizermos. Por isso, é necessário discutir, pensar na forma como vivemos e interagimos com esse meio”, destacou a estudante, Sâmia Pereira, do 3º ano do ensino médio. A jovem faz parte do projeto Viração, um dos grupos participantes do “Diálogos Juventude e Comunicação – Multi conversa sobre comunicação e meio ambiente”, debate que aconteceu em São Paulo (SP), na última quarta-feira (15/6).
A conferência Rio+20 impulsionou as discussões entre os adolescentes. Previsto para junho de 2012, o encontro sobre desenvolvimento sustentável acontecerá 20 anos após a Eco 92, que aprovou as convenções do clima e da biodiversidade, a Agenda 21 global e uma declaração sobre florestas.
“Pensar na Rio+20 desde já é importante para que a voz da juventude esteja presente. Hoje, somos jovens, mas daqui a pouco seremos idosos. Temos que debater a qualidade de vida no meio ambiente”, ressaltou o estudante de administração, Phelipe Lopes, integrante do Coletivo Reagente.
Na primeira parte do encontro, os jovens se dividiram em grupos para levantar perguntas ligadas ao tema da sustentabilidade. Ao final das discussões, eles colocaram os questionamentos para dois convidados debaterem. O uso do tempo para ações sustentáveis, cultura, mídia, educação ambiental e consumo foram alguns dos assuntos abordados.
Segundo um dos debatedores, o consultor do Unicef Zâmbia e representante da América Latina e Caribe no conselho de jovens da ONU-HABITAT, João Felipe, a juventude tem que se apropriar da comunicação, para passar a mensagem aos governantes do que a população quer.
“Estamos vivendo um despertar. Essa é a primeira geração de jovens realmente aberta a experimentar e discutir. Estamos na vanguarda para repensar que o meio ambiente não é só plantar árvores, mas como conseguimos trazer mudanças para o nosso dia a dia. Falar da favela é discutir sustentabilidade também”, afirmou Felipe.
O representante da Rede da Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade (Rejuma) no Conjuve e participante do comitê facilitador da Rio+20, Thiago Alexandre, também foi convidado a debater. Ele acredita que “estamos no momento que será o ponto de virada”. “O jovem tem condição de pautar algo pioneiro. A juventude tem abandonado estruturas institucionais e procurado nas estratégias de comunicação uma forma de fazer política”, acredita.
“Hoje, temos a necessidade de articular essa juventude. Entender as diferenças entre os diversos jovens e a necessidade de se colocar refletindo junto. Cada um tem que assumir sua responsabilidade”, pontuou Alexandre. “A juventude tem a sua, mas a Coca-Cola tem que assumir a dela. Enquanto me preocupo em fechar a torneira de casa, a CSN [Companhia Siderúrgica Nacional] paga menos por metro cubico de água e gasta centenas de milhares de vezes mais água”, completa.
Para João Felipe, enquanto na Eco 92 as inspirações sobre sustentabilidade foram apresentadas, na Rio+20 serão demonstração soluções. “Será um segundo passo. Falar sobre o que pessoas estão fazendo, tentar compartilhar as melhores práticas sustentáveis e ver como podemos fazer ainda melhor”, concluiu.
* Publicado originalmente no Portal Aprendiz.