KPMG prevê expansão na exploração do gás de xisto

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Riscos financeiros e ambientais, forte oposição de parte da opinião pública, ameaças para investimentos em renováveis e fatores geopolíticos são apontados pela consultoria como desafios.

Mesmo sendo considerado um dos combustíveis fósseis com menor quantidade de carbono – o que está levando à sua inclusão em políticas voltadas à mitigação das mudanças climáticas em muitos países –, um novo relatório mostra que ainda pairam muitas incertezas na indústria do gás de xisto.

Em uma nova publicação, a KPMG avalia o estado atual de desenvolvimento do gás de xisto em alguns países e apresenta o seu ponto de vista em relação às perspectivas de crescimento do combustível no mix energético mundial.

Cinco riscos sobre a futura viabilidade da produção de gás de xisto são identificados. Dois são referentes às incertezas quanto ao tempo que ainda levará para o valor de mercado do gás de xisto subir, já que os custos de produção aumentam junto com a crescente demanda e exigência em termos regulatórios, tecnológicos e socioambientais.

O aumento do valor reduziria os riscos financeiros associados à exploração deste combustível, por enquanto tido como uma fonte barata de energia.

Outro fator de risco é que o setor é visto negativamente por uma parte significativa da opinião pública, sendo que a exploração do combustível chegou a ser banida na França e em alguns estados norte-americanos. Poluição e alto consumo de água, tremores de terra, manejo dos resíduos químicos líquidos e sólidos, vazamentos e explosões são apontados como os principais riscos ambientais do processo, mostra o relatório.

Segundo uma pesquisa da KPMG com executivos da indústria do petróleo e gás, preocupações ambientais e de sustentabilidade são tidas como os maiores desafios para o desenvolvimento do gás de xisto. Questões regulatórias vêm em segundo.

Em outro ponto, o relatório alerta que o baixo custo de exploração e abundância nos depósitos de gás de xisto podem diminuir os investimentos em energias renováveis, interferindo na viabilidade econômica de projetos eólicos, solares e geotérmicos.

“Enquanto os preços do gás natural permanecerem baixos, haverá menos incentivo para investir em fontes mais verdes”, coloca a KPMG.

O relatório também cita os riscos geopolíticos decorrentes da mudança no equilíbrio da oferta internacional de combustíveis fósseis.

A KPMG conclui que, mesmo ainda não estando claro se o gás de xisto será a peça que vai mudar o cenário global energético, parece certo que em breve o combustível terá uma parte maior do mercado global.

Em sua pesquisa com executivos do setor, 93% responderam que esperam uma mudança para mais investimentos no gás de xisto.

Entre 2007 e 2012, a extração do gás de xisto cresceu, em média, 50% ao ano, estima o McKinsey Global Institute.

Brasil

No Brasil, esta discussão está em seu ápice devido à realização do primeiro leilão para a exploração do gás de xisto na semana passada. As reservas do combustível estão localizadas abaixo dos principais aquíferos brasileiros (incluindo o Guarani).

Há duas semanas, uma audiência pública sobre a regulamentação do método de fraturamento hidráulico (fracking), promovida pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) no Rio de Janeiro, suscitou muitas críticas em relação aos impactos da técnica de exploração do gás de xisto.

A Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e do PECMA – ASIBAMA Nacional – protocolou na ANP uma notificaçãoextrajudicial pedindo a moratória do fracking no Brasil.

* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.