Legalize as drogas, mas mantenha o esporte limpo

Lance Armstrong: ciclista admitiu o uso de substâncias ilegais durante sua carreira. Foto: Reprodução/Internet

A legalização das drogas pode ser benéfica, mas não em ambiente esportivo

As drogas ilegais fazem mal à saúde? Segundo antigos filósofos gregos, substâncias entorpecentes só causam mal dependendo das circunstâncias. Porém é difícil não reconhecer os males de alguns narcóticos como a heroína e a cocaína, por exemplo. A questão é: o que fazer com todas estas substâncias classificadas por governos de todo o mundo como ilegais e prejudiciais?

Embora possa parecer paradoxo, talvez a melhor solução seja legalizá-las, regulá-las e tratar o seu uso não como um caso de polícia, mas sim de saúde pública.

É claro que algumas vozes contra esta ideia irão gritar mais alto do que outras a favor. A resposta para essas vozes é que a ilegalidade estimula o crime organizado, lota presídios, aumenta a corrupção e não leva em conta a inexorável lei de oferta e demanda. Por outro lado, tratar o problema das drogas como um caso de saúde pública pode ser extremamente eficaz, basta ver o exemplo da diminuição do tabagismo.

Outro exemplo é fato de que a descriminalização das drogas em Portugal, não causou nenhum efeito maléfico. Já a proibição do álcool nos Estados Unidos, na década de 1930, teve efeitos devastadores. Recentemente, a ONU decidiu que a mastigação da folha de coca na Bolívia não será mais considerada ilegal. Uma vitória do presidente boliviano Evo Morales. Talvez 2013 será o ano em que a campanha pela legalização das drogas ganhará respaldo político.

Contudo, quando se trata de esportes é preciso reconsiderar. Por se tratar de figuras reverenciadas por jovens, os esportistas não podem ter o uso de drogas liberado. Caso isso aconteça, jovens sem o conhecimento farmacêutico e o apoio médico compartilhado por atletas, como Lance Armstrong, por exemplo, começarão a fazer uso das mesmas substâncias. Em um contexto social, a legalização das drogas pode ser boa, contanto que fiquem fora do ambiente esportivo.

* Publicado originalmente na revista The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.