O Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu ontem (20/10) a todos os lados na Líbia que baixem as armas e trabalhem em conjunto e pacificamente na reconstrução desta nação do Norte da África, em meio a relatos de que o coronel Muamar Kadafi foi morto.
“Claramente, este dia marca uma transição histórica para a Líbia”, disse Ban na sede da ONU em Nova York, reagindo às denúncias sobre a morte do líder líbio e o fim dos combates em Sirte e outras cidades.
Líbios devem promover reconciliação após morte de Kadafi, afirma Secretário-Geral da ONU. Na foto da Comissão Europeia, atingidos pelos confrontos na Líbia buscam assistência humanitária.
“Nos próximos dias, vamos testemunhar cenas de celebração, bem como tristeza para aqueles que perderam tanto”, afirmou. “No entanto vamos reconhecer, imediatamente, que este é apenas o fim do começo. O caminho pela frente para a Líbia e para seu povo será difícil e cheio de desafios.”
Forças pró-Kadafi e rebeldes estão em conflito há meses após um movimento pró-democracia ter emergido no início do ano, em mobilizações semelhantes aos levantes populares testemunhados em outras partes do Oriente Médio e do Norte da África.
Ban Ki-moon sublinhou que agora é o momento para que todos os líbios se unam e que eles só podem cumprir a promessa de futuro através da unidade e reconciliação nacional.
“Os combatentes de todos os lados devem depor as armas em paz. Este é o momento para a conciliação e a reconstrução, por generosidade de espírito – e não de vingança.”
Enquanto autoridades de transição da Líbia preparam o caminho para as eleições e tomam muitas outras medidas para a construção de sua nova nação, “inclusão e pluralismo devem ser o lema”, acrescentou.
“As profundas esperanças sustentadas através de longos dias de revolução e de conflito devem se traduzir em oportunidades e justiça para todos”, disse o Secretário-Geral.
Situação na cidade de Sirte continua crítica
Segundo relatório da Comissão Europeia de Ajuda Humanitária e Proteção Civil, a população continua deixando a cidade. Estima-se em 18 mil o número de deslocados, incluindo mulheres, crianças e idosos, de acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha. O relatório também aponta que a presença de minas terrestres, munições abandonadas e material não detonado apresentam uma séria ameaça aos civis líbios.
A ONU começou a enviar seu pessoal no mês passado para a recém-criada Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (UNSMIL), chefiada pelo Representante Especial do Secretário-Geral, Ian Martin. Com sede na capital, Trípoli, a missão vai ajudar as autoridades na restauração da segurança pública, no planejamento das eleições e na garantia de uma Justiça de transição.
“A nova missão das Nações Unidas para a Líbia está em campo e pronta para ajudar a Líbia e seu povo ao longo do caminho à frente”, disse Ban, que falou com Martin em Trípoli esta manhã.
* Publicado originalmente no site ONU Brasil.