Lucro das companhias aéreas seria pouco afetado com inclusão do setor nos mercados de carbono

aviao

Apesar de ter gerado intenso debate e muitas críticas, a meta de crescimento neutro nas emissões de carbono do setor internacional de aviação, que teria como prazo o ano de 2020, é viável e, na verdade, custaria para as empresas menos do que os lucros que têm apenas com o despacho de bagagens, ou 0,5% do lucro total do setor, sugere a Bloomberg New Energy Finance (BNEF) em uma nova análise.

Segundo as estimativas, o uso de créditos de compensação das emissões atenderia grande parte da meta, sendo que mesmo com o valor subindo, estes créditos devem continuar significativamente abaixo do custo de corte das emissões internamente. As empresas poderiam comprá-los por apenas US$ 4/t em 2015.

“Mesmo considerando um aumento nos preços das compensações, o custo líquido para o alcance da meta será trivial. Portanto, o setor de aviação internacional não deve se preocupar muito com as suas implicações”, nota a BNEF.

Somando este fato com a facilidade de repasse dos custos para os consumidores, a BNEF sugere que na realidade o setor deveria considerar aumentar as suas metas, inclusive visando alcançar cortes absolutos significativos nas emissões até 2050 ao invés da mera estabilização do crescimento em 2020.

Histórico

O controle das emissões de gases do efeito estufa do setor foi delegado à Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) em 1997, pelo Protocolo de Quioto. Porém, desde então, os poucos avanços alcançados são mérito da União Européia que tem pressionado a organização sob ameaça que incluiria companhias aéreas internacionais em seu esquema de comércio de emissões.

Em 2010, após propostas de várias companhias de cortar suas emissões pela metade até 2050, a OACI concordou em assumir uma série de metas para o setor.

As duas mais significativas, porém não compulsórias, são a melhoria na eficiência energética dos combustíveis em 2% por ano até 2050 e a estabilização das emissões de dióxido de carbono do setor até 2020, explica a BNEF.

A entidade também concordou em usar medidas de mercado para alcançar a estabilização das emissões, o que foi reforçado pela decisão, em junho de 2013, da Associação Internacional de Transporte Aéreo que solicitou à OACI a elaboração, para adoção em 2016, de um esquema obrigatório global para a compensação das emissões de carbono.

A próxima reunião da OACI, em setembro, deve dar algum direcionamento sobre a questão.

* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil