Se o Brasil tivesse boas políticas públicas para qualidade do ar em suas maiores cidades, economizaria alguns bilhões de dólares gastos pelo sistema de saúde.
Mas, o governo federal parece que prefere piorar a qualidade do ar, a criar algum problema para a Petrobrás e o consumo de combustíveis fósseis. Prejudica, inclusive, um raro desenvolvimento local da indústria automobilística que é o motor flex. O preço da gasolina está congelado há anos. O diesel está em desobediência a determinações do Conama, sobre teor de enxofre. Não satisfeito, o governo reduziu a adição de álcool à gasolina em cinco pontos percentuais. Ainda não satisfeito, agora diminui a Cide, contribuição que incide sobre combustíveis fósseis, aumentando o subsídio à energia de alto carbono.
Todas essas decisões têm impacto direto na qualidade do ar e no aumento do número de pessoas com doenças pulmonares, cardiovasculares e câncer no pulmão. Aumentam também os óbitos por essas causas. O custo humano não é calculável. O custo para a saúde pública é imenso. E ficam reclamando que não há recursos suficientes para a saúde pública. Entretanto, os governos contribuem para aumentar esses custos, não para eliminar gastos desnecessários e, ao mesmo tempo, salvar vidas e aumentar o bem-estar da população.
Como fazer isso? Com boas políticas públicas, para reduzir os acidentes de trânsito, melhorar a qualidade do ar, estimulando o uso de combustível menos danoso à saúde, retirando subsídios à economia fóssil, melhorando os transportes públicos, principalmente os veículos elétricos (metrôs, veículos leves sobre trilhos, tramways – os bondes modernos – e ônibus elétricos), reduzindo os estímulos ao uso do carro particular para pequenas e médias distâncias.
Como não há políticas públicas nesse sentido, nenhuma surpresa que a poluição do ar em nossas maiores regiões metropolitanas esteja muito acima dos limites considerados toleráveis, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Levantamento recente da OMS, analisou a qualidade do ar em 1.100 cidades de 91 países. Nossos problemas ficam claros, embora haja quem diga que estamos menos péssimos que outros países. Nenhuma vantagem. Não ser tão ruim quanto outros, não significa que estejamos bem. E não estarmos bem é o que importa.
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** Publicado originalmente no site Ecopolítica.