Materiais baratos e sucata juntamente com modernos recursos tecnológicos são utilizados, sem preconceito, pelos professores da Escola Estadual de Educação Profissional Adelino Cunha Alcântara, no Município cearense de São Gonçalo do Amarante, a cerca de 60 quilômetros de Fortaleza. Para participação na Olimpíada Brasileira de Foguetes, por exemplo, canos, barras de ferro e pedaços de madeira foram utilizados para a construção da base de lançamento. Já os foguetes foram feitos de garrafa pet e papelão.
“Até mesmo um pincel ou uma moeda podem se transformar em experimentos. Contudo, priorizo sempre o que pode ser um maior facilitador da aprendizagem”, assegura o professor de Física, Caniggia Carneiro Pereira, que também é o responsável, na escola, pela participação na Olimpíada Brasileira de Física (OBF), na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), além da Olimpíada Brasileira de Foguetes. Segundo ele, como a física estuda tudo o que acontece no universo, não é difícil encontrar exemplos e materiais para utilizar nas aulas.
Para o professor, que está concluindo licenciatura plena em Física na Universidade Federal do Ceará (UFC), os vídeos também são boas estratégias para trazer novos conhecimentos aos alunos, sejam eles documentários ou pequenos vídeos da internet. Ele também utiliza apresentações em slides. “Elas permitem que eu possa inserir com mais facilidade imagens, animações e outros recursos tecnológicos nas aulas”, diz Cannigia. Em sua opinião, as animações e simulações são recursos muito ricos, pois aliam interatividade e conhecimento, estimulando a aprendizagem e motivando os alunos.
Em suas aulas, Cannigia também aproveita os benefícios das novas tecnologias. Para ele, os recursos computacionais permitem a análise de situações mais complexas que são difíceis de serem reproduzidas na sala de aula ou no laboratório. Assim, ao planejar uma aula sobre gravidade e gravitação, sobre os efeitos da gravidade no comportamento dos corpos, especialmente dos planetas, utilizou recursos como o Applet Laboratório de Força Gravitacional, onde os alunos puderam visualizar a proporcionalidade entre a força da gravidade e a massa e distância entre dois corpos. Na mesma aula, os estudantes tiveram a oportunidade de manipular a simulação Gravity Car – um carrinho com gravidade aumentada que atrai os corpos por onde passa.
Outro recurso usado nessa mesma ocasião foi o My Solar System, para que os alunos montassem seu próprio Sistema Solar. A partir de mudanças introduzidas nos valores das massas e velocidades dos corpos, eles conseguiram padrões de sistemas bem diferentes, com estrelas duplas e choques planetários, entre outros efeitos. “Foi muito interessante ver a satisfação deles em criar sua própria realidade virtual”, salienta o professor.
De acordo com a coordenadora pedagógica, Nakeida Cristina de Castro Costa, 20 anos de magistério, a Adelino Cunha Alcântara é uma escola que se destaca na comunidade, graças a alguns pontos. Um deles é o fato de a instituição oferecer aulas diferenciadas, onde os professores utilizam recursos didáticos variados, tais como música, teatro, internet, blogs, aulas de campo, visitas técnicas, seminários e feiras de ciências, entre outros.
Segundo Nakeida, as aulas de química são equilibradas entre teoria e prática, com aulas no laboratório de ciências, utilizando material reciclado. Ela explica que, em comemoração ao Ano Internacional da Química, o professor Francisco Sá vem desenvolvendo atividades lúdicas e de pesquisa, interdisciplinares, por meio da construção de paródias, jogos e dinâmicas para socializar o aprendizado da disciplina. Já nas aulas de língua portuguesa, há uma integração entre os ambientes de aprendizagem da biblioteca e do laboratório escolar de informática: os estudantes fazem a leitura de clássicos da literatura e constroem material de divulgação em mídias como resenhas e slides.
* Publicado originalmente no Portal do Professor.