Não é a insegurança, o dinheiro nem o amor. É a saúde a preocupação número um de todas as classes sociais.
A mídia, desde a mais tradicional até a mais moderna, responde a esse interesse público nem sempre com jornalistas bem preparados. Para os profissionais da área de saúde a comunicação tem cada vez mais valor. Porém, a universidade não os educa para responder a essa demanda.
Essa dupla necessidade, de jornalistas que compreendam a informação médica e de médicos que informem pela mídia, é agora ainda maior. O motivo está na revolução tecnocultural mais importante da história do atendimento sanitário, que converteu o antigo paciente em um novo usuário da medicina – que procura informação na internet, confere-a com o que diz o seu médico, discute sobre isso nas redes sociais. Com o avanço das tecnologias, o poder do conhecimento médico se debilitou e o desafio aumentou.
Capital valioso
No livro La salud en los medios – Medicina para periodistas, periodismo para médicos, a bióloga e jornalista argentina Roxana Tabakman, colaboradora do Observatório da Imprensa, dirige-se a dois destinatários. De um lado, jornalistas e estudantes de comunicação com vontade de escrever e editar temas de saúde e de qualidade de vida com o máximo rigor científico e de uma maneira clara e atrativa. Ao mesmo tempo, é útil também para os profissionais da saúde que interagem com a imprensa – ou tentam fazê-lo, ou produzem conteúdos de maneira independente.
Há análises profundas e também muita informação prática. As fontes utilizadas são muitas e variadas. Em primeiro lugar, a leitura crítica do que se produz na mídia, no Brasil e o no mundo, e conversas mantidas pela autora ao longo de duas décadas com médicos, jornalistas, assessores de imprensa, editores, pacientes, ONGs e empresas. Há também ideias e pesquisas publicadas por centros de prestígio internacional. E outras visões enriquecedoras: textos escritos pelo médico Celio Levyman e pelo advogado Guilherme D. da Cunha Pereira, além do ex-ministro da Saúde da Argentina Ginés Gonzales García, o jornalista argentino Matias Loewy e a jornalista americana Paula Andaló. Eles se aprofundam em assuntos delicados como a privacidade, os medicamentos genéricos, a saúde global e as pseudociências.
O objetivo do livro é que, no casamento de conveniência dos médicos com os jornalistas, o comunicador supere o medo dos tecnicismos e o cientista compreenda melhor os segredos da comunicação. Tudo para que a informação que o cidadão receba o ajude de forma adequada no cuidado de seu capital mais valioso: a vida.
* Publicado originalmente no site Observatório da Imprensa.