Megaeventos esportivos na pauta das eleições municipais

Comemoração pela vitória da cidade do Rio de Janeiro em sediar as Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016.

“Nós já construímos um plano de ação e vamos nos mobilizar envolvendo a prefeitura. Vamos trabalhar nesta cidade e queremos que vocês contribuam com isso”, enfatizou a adolescente Patricia Gonçalves, sendo aplaudida pelo público. O discurso da adolescente de 17 anos, representante da Rede de Adolescentes e Jovens pelo Esporte Seguro e Inclusivo (Rejupe), foi direcionado aos candidatos à prefeitura de São Paulo presentes no evento Copa, Olimpíadas e eleições: qual o legado social para a sua cidade?. Suas palavras levantaram uma questão que é crucial no debate sobre os megaeventos esportivos que o Brasil sediará nos próximos anos.

Melhorias em áreas como mobilidade urbana e infraestrutura nas cidades são investimentos fundamentais para que o país construa uma imagem positiva no cenário mundial, no que se refere à capacidade de organização e à gestão de grandes eventos. Mais importante do que esta vitrine, porém, é o legado social que será deixado para as populações das 11 cidades-sede da Copa. Questões como violência, habitação, transporte, esporte inclusivo e saúde devem ser tratadas para que deixe uma herança positiva e não com o simples objetivo de “mascarar um Brasil” durante os eventos, como ressaltou Patricia.

Promovido pelas organizações Atletas pela Cidadania, Instituto Ethos, Rede Brasileira de Cidades Sustentáveis, Rede Nossa São Paulo, em parceria com a Fundação Avina e apoio da Cidade Escola Aprendiz, Instituto Trata Brasil, Unicef-Brasil, Comissão de Direito Desportivo da OAB-SP, Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, Sesc-SP e Voto Consciente, o evento pretende realizar encontros nessas cidades para que os candidatos se comprometam com o legado social que será deixado após a realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016.

Da esquerda para a direita, Oded Grajew, Gustavo Borges e Jorge Abrahão. Foto: Juliana Guarexick.

Na ocasião, os candidatos à prefeitura de São Paulo, Ana Luisa Figueiredo (PSTU), Carlos Giannazi (PSOL), José Maria Eymael (PSDC), Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita (PMDB), Miguel Manso (PPL) e Soninha Francine (PPS), assinaram três termos de compromisso, com os seguintes temas: Termo de Compromisso Cidades do Esporte (garantia do acesso ao esporte pela população), Pacto pela Transparência (transparência nos gastos públicos) e Programa Cidades Sustentáveis (ações para o desenvolvimento sustentável dessas cidades).

 

O coordenador-geral da secretaria executiva da Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew, destacou a importância dos compromissos assumidos. Se referindo ao programa Cidades Sustentáveis, que tem o objetivo de sensibilizar, mobilizar e oferecer ferramentas para que as cidades brasileiras se desenvolvam de forma econômica, social e ambientalmente sustentável, ele exemplificou a responsabilidade da capital paulista. “No caso de São Paulo, esses compromissos têm uma força muito maior, porque aqui foi aprovada uma mudança da lei orgânica onde todo prefeito eleito deve estabelecer metas para a sua gestão.”

Representando a organização Atletas pela Cidadania, o diretor Gustavo Borges colocou em evidência a necessidade de se promover esporte de qualidade nas escolas. “Londres é uma inspiração para tudo isso. Um milhão de habitantes estão fazendo exercícios com qualidade.” Segundo ele, as lideranças são fundamentais para que isso aconteça. “Mas, se a sociedade civil não estiver incluída, nós perdermos força”, ressalta.

No âmbito do processo eleitoral é importante que a sociedade civil se mobilize para que este debate esteja na pauta e atenda às demandas reais da cidade de São Paulo. “Valorizar a democracia é fundamental para o avanço da sociedade de uma maneira geral”, pontuou Jorge Abrahão do Instituto Ethos, representante do projeto Jogos Limpos. Ele enfatiza que é preciso aproveitar o momento de grandes investimentos aqui no Brasil e aprender com a história, se referindo aos eventos anteriores realizados na Grécia e em Montreal, que tiveram pontos negativos relevantes, e exemplos positivos com o de Barcelona e Pequim. “O segredo é buscar integridade e transparência”, completou.

Segundo números divulgados no início do mês de julho pelo assessor especial do Ministério do Esporte, Ricardo Gomyde, só a Copa de 2014 movimentará no país mais de R$ 110 bilhões em investimentos, impostos, consumo e turismo. (Envolverde)