Nos últimos seis meses, 3,6 bilhões de toneladas de CO2e trocaram de mãos nos mercados de carbono ao redor do globo somando € 50 bilhões, porém em relação a volumes houve uma queda de 5%, concluiu a Point Carbon.
Em comparação com o valor total negociado no primeiro semestre de 2010, € 48 bilhões, as analises da Thomson Reuters Point Carbon indicam que houve um aumento de 3% no total transacionado em 2011.
A retração de 5% nos volumes negociados se deve principalmente aos volumes menores de permissões de emissão (EUAs, em inglês).
“Os primeiros seis meses deste ano tiveram desenvolvimentos bem dramáticos nos mercados globais de carbono, causando volatilidade nos preços”, comentou o coordenador de análises do carbono na Europa Stig Schjølset.
Ele se refere principalmente aos episódios do mês de junho, com a divulgação da minuta de eficiência energética pela Comissão Européia, a recusa da Polônia de aumentar o corte de emissões no bloco e preocupações em relação à economia grega, que levaram os preços do carbono para uma baixa de dois anos.
“No que tange as políticas, continuamos a acreditar que o resultado mais provável das discussões na União Européia sobre metas de redução de emissões será um corte de 25% para 2010, esperando uma decisão sobre este assunto na primeira metade de 2012 durante a presidência dinamarquesa da UE”, disse Carina Heimdal da Point Carbon.
O esquema europeu de comércio de emissões continua a dominar o mercado com 2,7 gigatoneladas de CO2e negociadas, uma queda de 7% em relação ao primeiro semestre de 2010. Porém, devido aos preços mais altos das EUAs antes de junho, o valor estimado das transações envolvendo EUAs foi de € 41 bilhões, quase o mesmo do ano passado.
O segundo maior segmento do mercado foi o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), incluindo as transações primárias e secundárias de Reduções Certificadas de Emissão (RCEs). O volume estimado foi de 717 milhões de toneladas de CO2e equivalente a cerca de € 8,3 bilhões, um aumento de 6% em volume e 4% em valor.
A corrida pré-2013 para registro se materializou, com um numero de projetos 20% maior entrando no processo de validação desde janeiro de 2011 do que no mesmo período de 2010 e cerca de 400 projetos já tendo conseguido o registro, 54% mais do que no ano passado.O preço das EUAs ficou na média de € 15,76/t, crescendo € 1,5 em comparação com o primeiro semestre de 2010. As RCEs secundárias foram negociadas na média de € 12,09 (77% do valor da EUA).
Entretanto, após despencarem em junho, a consultoria não espera que os preços aumentem a curto prazo, tendo diminuído a expectativa para as EUAs de € 20 para € 15,75 no período 2011-2012.
Fora da Europa
Nos Estados Unidos, mesmo com Nova Jersey tento anunciado a sua retirada da Iniciativa Regional de Gases do Efeito Estufa, a Point Carbon não espera que outros estados façam o mesmo.
A Coréia do Sul também lançou metas setoriais para corte nas emissões visando cumprir o seu plano de reduzir em 30% abaixo dos “business as usual” até 2020, o que deve seguir como o esperado, iniciando o esquema de comércio de emissões em 2015.
A Point Carbon coloca o ETS australiano como sendo o terceiro maior mercado regional do mundo, com um limite de emissões entre 280 e 315 milhões de toneladas, atrás da Europa e da Western Climate Initiative.
Apesar dos eventos globais significativos que aconteceram nos primeiros seis meses de 2011, “o valor total dos mercados de carbono cresceu e os desenvolvimentos encorajadores nos mercados ambientais emergentes como Austrália, Coréia do Sul e Califórnia significam que o tamanho do mercado global continuará a crescer ao longo dos próximos anos”, concluiu Heimdal.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.