Uma empresa sul-africana tem algumas boas ideias para promover a saúde.
O problema mais espinhoso encarado pelos profissionais de saúde é como atingir o equilíbrio entre a promoção da saúde e a cura de doenças. Como é rotineiramente observado, a prevenção é melhor que a cura – e mais barata também, mas as forças que se alinham contra esse clichê benigno são formidáveis. A profissão médica valoriza mais cirurgiões do que nutricionistas, e a maioria de nós é gananciosa e tem pouca visão: por que renunciar ao êxtase instantâneo de uma barra de chocolate ou aos prazeres do sexo sem proteção quando as recompensas da restrição estão tão distantes?
Esta é uma razão pela qual é tão difícil limitar a inflação dos custos de saúde. Prêmios de seguradoras nos Estados Unidos tiveram um aumento de 9% desde 2010. Em economias emergentes, também, maior prosperidade significa que as pessoas estão comendo mais e se desleixando em escritórios no lugar de suar ao ar livre. Então esses países estão sofrendo crescentemente com doenças de pessoas ricas, como problemas cardíacos e diabetes. A Organização Mundial de Saúde prevê que a incidência de doenças não contagiosas cresça 17% na próxima década.
Alguns políticos estão procurando uma nova ferramenta: economia comportamental. Economistas de comportamento estão mapeando meios para “dar um empurrãozinho” nas pessoas para que larguem as sobremesas e mastiguem uma maçã no lugar. Ao mesmo tempo, a tecnologia está tornando mais fácil para as pessoas se cuidarem. A Philips está desenvolvendo um aplicativo que usa a câmera em um Ipad2 para medir as taxas cardíacas e respiratórias. Você pode também usar mídias sociais para se envergonhar publicamente até entrar em forma. É notável o quanto é muito mais efetivo uma resolução de fim de ano para perder peso se você a torna pública – e concorda em pagar uma prenda se falhar.
Necessidade médica
Talvez, surpreendentemente, as iniciativas mais interessantes tenham sido desenvolvidas em uma economia emergente: a África do Sul. O grupo Discovery, baseado em Johannesburgo, criou um programa chamado Vitality, que aplica as “milhas aéreas” como modelo de saúde. Você ganha pontos se exercitando, comprando comida saudável ou atingindo certos objetivos. Você vai subindo de nível, de azul até dourado, à medida que vai acumulando pontos (recompensas são ajustadas para o seu nível inicial de condicionamento físico para dar a todos a chance de progredir). E você recebe uma mistura de recompensas a curto e longo prazos, englobando desde pequenos prêmios até férias exóticas.
A experiência do Discovery impõe um desafio para mercados emergentes. Como podem aplicar o mesmo espírito de inovação nas suas inexperientes políticas de bem-estar social? Já que estão mais ou menos construindo tudo a partir do zero, podem experimentar com sistemas públicos, privados e uma mistura dos dois. Governos de mercados emergentes podem aprender com o Discovery e outras empresas que estão usando incentivos judiciosos para estimular as pessoas em direção a um comportamento sensato. A população destes Estados será mais saudável por isso, assim como seus orçamentos.
Tradução: Opinião e Notícia.
* Publicado originalmente no The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.