Discursando para representantes de 35 nações reunidos para os Diálogos Climáticos de Petersberg, a chanceler alemã declarou que as consequências da lentidão em lidar com o aquecimento global são perigosas para todo o mundo
“Se nada for feito além dos compromissos voluntários atuais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, as temperaturas globais subirão de 3°C a 4°C”, destacou a chanceler alemã Angela Merkel, lembrando os diplomatas presentes nos Diálogos Climáticos de Petersberg, que está sendo realizado na Alemanha, que é preciso mais ambição nas negociações climáticas.
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), qualquer aumento das temperaturas acima de 2°C significará que enfrentaremos as piores consequências do aquecimento global, como a maior frequência e intensidade de fenômenos climáticos extremos.
“Eu enfaticamente acredito em mudanças climáticas”, afirmou Merkel, acrescentando que o tempo perdido discutindo se o fenômeno estaria mesmo acontecendo seria melhor usado buscando soluções para mitigá-lo. “Não há nada a ser ganho se ficarmos brincando com o tempo.”
A chanceler salientou que a Conferência das Partes deste ano (COP 18), a ser realizada em novembro no Qatar, deve, obrigatoriamente, entregar todo o plano para o novo acordo climático, que precisa estar pronto em 2015 para entrar em vigor em 2020.
“Não pode haver mais trapaças, as reduções nas emissões devem começar o quanto antes, até porque é um processo gradual que não pode ser feito de uma única vez”, disse.
Merkel foi ministra de Meio Ambiente da Alemanha nos anos 1990 e ajudou a negociar o Protocolo de Quioto, o qual segue defendendo.
“Devo admitir que um acordo com poder legal é música para meus ouvidos”, declarou.
A chancelar afirmou que entende que não é fácil fazer 180 países concordar com um tratado climático, mas está otimista. “Cada novo projeto para lidar com as mudanças climáticas cria um senso de entendimento e confiança. A energia de todas essas iniciativas precisa ser reunida.”
Entre essas ações, Merkel destacou a revolução energética ocorrida nos últimos anos na Alemanha. O país atualmente é um dos líderes mundiais no uso de fontes renováveis e também ocupa posição de destaque na manufatura de equipamentos para esse tipo de energia, como painéis fotovoltaicos e turbinas eólicas.
“Não foi uma transição fácil, mas conseguimos alcançar um nível excepcional. Podemos ser um exemplo para outras nações.”
Apesar do otimismo de Merkel com o desempenho alemão, seu próprio ministro de Meio Ambiente, Peter Altmaier, declarou recentemente ao jornal Bild am Sonntag que o país pode não alcançar suas metas.
Entre os objetivos que podem fracassar está a popularização de carros elétricos e a redução do consumo de energia em 10% até 2020. Hoje, a Alemanha possui apenas 4500 carros elétricos nas ruas.
De qualquer forma, Merkel apresentou o que acredita ser os pilares para combinar a proteção climática com crescimento econômico: Melhores tecnologias, políticas inteligentes de subsídios, logística eficiente e avanços na construção sustentável.
“Os países industrializados devem liderar pelo exemplo. No fim, a maior parte dos danos ambientais podem ser atribuída a estas nações”, concluiu a chanceler.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.