Mês de agosto pode decidir o destino do euro

Os últimos meses de 2012 registrarão a união ou o desmoronamento da zona do Euro. Foto: Reprodução/Schrank.

Os líderes da zona do euro torcem por um agosto tranquilo, mas o outono trará tempestades

Este foi um péssimo verão para as lideranças políticas europeias. Praticando caminhadas na Itália, Angela Merkel falou por telefone com Mario Monti e prometeu fazer “tudo o que for necessário” para preservar o euro. Depois, o primeiro ministro italiano perambulou pelas capitais europeias à procura de ajuda para controlar os custos de tomada de empréstimo de seu país. Enquanto isso, Wolfgang Schäuble, o ministro das finanças alemão, recebeu o secretário do tesouro americano, Tim Geithner, durante as suas férias na ilha alemã de Sylt. E o homem para o qual todos os olhares estão voltados, Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), prometeu: “Eu não vou para a Polinésia – fica longe demais”.

Mas se as férias já deram errado, setembro promete ser ainda pior devido ao fato de que as pessoas voltarão ao trabalho sob altas temperaturas. Diversas coisas devem acirrar a crise do euro, entre elas a deterioração da situação espanhola, eleições embaraçosas na Holanda, um desafio jurídico do tribunal constitucional alemão e a resistência política a uma zona do euro mais integrada. Ou seja, pode ser que o mês de agosto de 2012 determine o destino do euro.

Tome-se a Grécia: em setembro o desastre das finanças públicas do país se tornará mais óbvio. A necessidade de financiamento grega deve atingir dezenas de bilhões de euros. Para permanecer de pé, a Grécia precisa tanto de mais austeridade como de mais fundos. Ambas as necessidades podem se revelar impossíveis de serem satisfeitas. Já tendo concordado com dois resgates para a Grécia, os seus exasperados credores não estão dispostos a conceder um terceiro – muito menos um que anistie boa parte da dívida pública grega.

Os políticos alemães já estão debatendo a rapidez com que a Grécia deve ser expulsa do euro. Ainda assim muitos ainda consideram que outros estados fracos do Mediterrâneo tenham que ser postos para fora também. Com efeito, os juros sobre os títulos da dívida espanhola atingiram 0 pico alarmante de 7,5% em julho, seguido de perto pelos juros italianos. A decisão de emprestar à Espanha €100 bilhões de euros para sanear o seu setor bancário não acalmou os ânimos. Apesar das negativas, pode ser que a Espanha ainda precise de um resgate generalizado antes do final do ano.

O ressentimento em relação aos resgates seriais está crescendo, sobretudo na Holanda. Com eleições previstas para o dia 12 de setembro, os partidos holandeses estão disputando em termos de qual deles é mais veemente no tratamento dos países endividados. Mesmo que os Holandeses possam ser convencidos a fornecer mais auxílios, os fundos de resgate não são grandes o suficiente para salvar tanto a Espanha quanto a Itália.

Seja lá qual seja a forma dos fundos de resgate, a Moody’s, uma agência de classificação de risco, já emitiu uma advertência que afirma que o status AAA da poderosa Alemanha também poderia ser ameaçado pelos resgates iminentes. Então, se os credores europeus não pretendem ou não podem angariar recursos o bastante para acudir aos países em crise, as atenções necessariamente se voltarão para o BCE.

O BCE quer que os estados da zona do Euro se esforcem em direção a uma maior integração política, mas Merkel está relutante em assumir novos passivos antes da eleição alemã do ano que vem, e a França continua tendo inveja da soberania germânica.

Tudo isso sugere que os estados da zona do euro acabarão por preferir o adiamento, mas mesmo que eles sobrevivam a agosto, em breve serão confrontados por decisões que tentaram evitar. Pode ser que a história registre os últimos meses de 2012 como a época em que a zona do euro se uniu – ou desmoronou.

* Publicado originalmente no jornal The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.