A psicologia das taxas de câmbio: pessoas assiociam o tamanho da cotação de uma moeda a seu prestígio.
Desde janeiro de 2007, um dólar de Hong Kong vale menos que um yuan. De acordo com Joseph Yam, ex-presidente da Autoridade Monetária de Hong Kong, isso tem importância para habitantes de Hong Kong em visita à China. Em um estudo publicado neste mês, ele descreveu “a sensação de desespero” experimentada por alguns de seus amigos de Hong Kong quando sua moeda perdeu a paridade com a moeda chinesa. Eles se preocupavam com a possibilidade de os chineses “menosprezarem o valor da moeda das pessoas de Hong Kong”. Esta é uma razão, ainda que seja das mais triviais, que pode fazer com que Hong Kong reavalie a longeva atrelagem de sua moeda ao dólar, afirma Yam.
Para a maioria dos economistas, incluindo Yam, tudo soa um pouco maluco. Mas as pessoas de fato parecem associar o tamanho de uma cotação a seu prestígio. Elas acham que uma moeda é “maior” que a outra se uma unidade dela puder ser trocada por mais de uma unidade da outra. Desse modo, os preços estrangeiros são divididos, não multiplicados; diminuídos, não aumentados, quando convertidos para a cotação natal.
O título da “maior” moeda do mundo pertence ao dinar do Kuwait, que hoje em dia vale US$ 3,58. O poderoso dólar norte-americano fica em 11° lugar, ao lado dos dólares de Bermuda e Bahamas, e da balboa do Panamá. O dólar de Hong Kong, em contraste, fica cerca de 60 posições abaixo na lista, superado não apenas pelo yuan chinês, mas também pela pula de Botswana e pelo boliviano da Bolívia. Mas antes de sentir pena deles, pense um pouco nos vietnamitas. Com o ocaso do dólar de Zimbábue, a moeda destes é agora a menor cotação do mundo. Aonde quer que vão, eles têm que multiplicar, nunca dividir.
* Publicado originalmente no site The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.