O Ministério Público Federal no Pará pediu à Polícia Federal que garanta proteção para testemunhas que denunciaram uma rota de retirada ilegal de madeira da Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio e da Floresta Nacional Trairão.
João Chupel Primo, de 55 anos, foi morto com um tiro no último sábado (22), algumas horas depois de denunciar exploração ilegal na sede do MPF em Altamira. Ele era liderança do Projeto de Assentamento Areia, que vem sendo usado como porta de entrada para os madeireiros.
De acordo com o MPF, ele já havia registrado boletins de ocorrência na Polícia Civil no município de Itaituba e informado sobre crimes ambientais na região para a Polícia Federal em Santarém e para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela administração das Unidades de Conservação que estão sendo exploradas ilegalmente.
A região do Riozinho do Anfrísio tem um histórico de conflitos envolvendo grileiros, madeireiros e ribeirinhos que remonta à década de 1990, e teria atingido seu ápice no início dos anos 2000. Com a instalação de uma base do Exército, em 2003, e a criação da Resex, em 2004, as atividades predatórias teriam diminuído de intensidade, segundo estudo apoiado pelo Instituto Socioambiental (ISA) e pelo próprio ICMBio, divulgado em setembro deste ano.
O relatório registra, com base em relatos de moradores, a retomada recente da exploração madeireira nos limites da reserva, bem como a vulnerabilidade da face oeste, onde se encontra o Projeto de Assentamento Areia, dadas as condições geográficas e de infraestrutura que tornam essa área de difícil monitoramento por parte do órgão gestor.
* Publicado originalmente no Blog do Sakamoto.