Mudanças Climáticas e seus efeitos sobre a saúde

“Você já parou para pensar sobre como a nossa saúde é afetada pelas mudanças climáticas?”. Esta pergunta foi feita aos transeuntes da COP20, a Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU, durante a tarde quente desta terça-feira (02/12) em Lima (Peru).

Atualizado em 04/12/2014 às 16:12, por Ana Maria.

“Você já parou para pensar sobre como a nossa saúde é afetada pelas mudanças climáticas?”. Esta pergunta foi feita aos transeuntes da COP20, a Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU, durante a tarde quente desta terça-feira (02/12) em Lima (Peru).

A responsável pelo questionamento é a jovem estudante de medicina Maria Cisneros Cáceres, de 21 anos. Maria é coordenadora regional da Federação Internacional de Associações de Estudantes de Medicina (IFMSA) em seu país (Equador). A organização atua em 116 países com o objetivo de criar lideranças globais na área de saúde por meio de atividades em saúde pública, direitos humanos, saúde reprodutiva e sexual e programas de intercâmbio profissionais e de pesquisa.

Ao tentar chamar a atenção dos participantes da COP20, Maria exemplifica diferentes problemas de saúde que poderiam ser gerados pelas mudanças climáticas: “Digamos que estamos falando de uma moça que vive no Leste Mediterrâneo, onde o clima já é muito quente. O que poderia acontecer lá seria um número maior de pessoas morrendo por ondas de calor. Na Alemanha, poderia haver problemas com alagamentos”.

O Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC) aponta que eventos extremos relacionados ao clima são mais propensos a acontecer caso a temperatura média da Terra continue aumentando. Podemos considerar que fazem parte destes eventos as ondas de calor, inundações costeiras provocadas pelo aumento do nível do mar e urbanas devido a altos índices de chuva e pouca absorção da água pelo solo.

Outro item citado pelo IPCC diz respeito à segurança alimentar, ou seja, o mantimento da qualidade e quantidade de alimentos produzidos pela indústria. Uma falta de segurança na oferta de alimentos e água poderia ter impactos diretos na saúde.

Tais impactos vão desde os mais óbvios, como a falta de água potável, que poderia levar as populações mais pobres a beber água contaminada e contrair doenças, aos menos imagináveis, como o aumento de temperatura da água do mar, que levaria determinadas populações de peixes a migrarem para outras regiões e provocar escassez de alimento, principalmente para comunidades que dependem da pesca.

“São coisas sobre as quais não paramos para pensar, mas sabemos que estão lá. Só precisamos conectar os fatores para perceber que essas mudanças não acontecem por acaso”, reforça Maria Cisneros.

Adaptação às mudanças no clima

Para a prevenção destes fatores, cidades e governos podem adotar medidas de adaptação às mudanças climáticas previstas por pesquisas científicas. O estudante Malcolm Araos, da Universidade McGill do Canadá, aponta algumas medidas de prevenção encontradas durante sua pesquisa de Mestrado: “A cidade de Nova Iorque, por exemplo, planeja estas medidas à muito tempo e tem buscado respostas mais rápidas em seus sistemas de emergência (como corpo de bombeiros e atendimento emergencial em hospitais) e criado mais espaços verdes. Enquanto que cidades como a Cidade do Cabo, na África do Sul procuram a prevenção à inundações e a diminuição da poluição no ar”.

O principal obstáculo apontado por Malcolm na hora de implementar estas medidas está no campo financeiro e de planejamento. “Geralmente as cidades não buscam se adaptar porque suas instituições não têm capacidade para se engajar em iniciativas deste tipo. São políticas caras de serem criadas”, explica.

O IPCC deixa claro que para desenvolver medidas de adaptação efetiva, é necessário envolver diferentes setores da sociedade (empresas, sociedade civil e governo). Isto pode acontecer por meio do alinhamento entre políticas públicas e incentivos, diálogo com comunidades locais mais vulneráveis e governança preocupada com diferentes níveis de risco.

Paula Nishizima é repórter da Agência Jovem de Notícias, projeto encabeçado pela ONG Viração Educomunicação. Todo o conteúdo produzido pela agência durante a COP20 será publicado pela Envolverde neste espaço. Acompanhe!


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