Mudanças climáticas influenciam perfil de ilhas e continentes

Novo atlas mostra que aumento do nível do mar e outras alterações ambientais estão transformando o aspecto terrestre, formando novas ilhas e mudando a cara da geografia mundial.

A Groelândia é um dos locais onde as transformações na paisagem estão acontecendo mais rapidamente .

Se você acredita que a formação e transformação de continentes e ilhas é um processo que acontece em milhões de anos, é bom pensar de novo. Segundo a nova edição do Times Atlas, tradicional coletânea de mapas que é publicada desde 1895, traços topográficos de diversas partes do mundo foram modificados, e diversas novas ilhas surgiram nas últimas décadsa. E a principal razão de alterações tão rápidas não poderia ser outra: as mudanças climáticas geradas pelo homem.

De acordo com o atlas, ocorreram cerca de sete mil transformações geográficas desde o lançamento da 12ª edição – a última – do livro, em 2003. Entre as mudanças, estão o avanço do nível do mar em algumas regiões, o desvio do curso de rios, o aumento ou a diminuição de lagos, rios e mares, o crescimento de desertos, o encolhimento de florestas, o derretimento de calotas polares e até o aparecimento de novas ilhas.

Um exemplo é o surgimento da ilha Uunartoq Qeqertaq (Ilha do Aquecimento, em inuit), a 547 quilômetros no Círculo Polar Ártico, que se tornou aparente por causa do derretimento do gelo na região. Para se ter uma ideia, o Ártico perdeu cerca de 15%, ou 300 mil km2, de sua cobertura de gelo permanente, o que permitiu que ocorressem fenômenos como o aparecimento da Uunartoq Qeqertaq, que existe desde 2005.

Outra ocorrência deste tipo foi o aumento do Mar Aral na Ásia Central, que desde 1967 havia encolhido a apenas 25% do seu tamanho original, e agora está maior do que há cinco anos devido a um desvio de água feito para o Aral pelo Cazaquistão. Outra ainda é a do Lago Chad na África, que está 95% menor do que era em 1963, ou ainda de rios como o Grande, o Amarelo, o Colorado, o Tigre e Ongyin Gol, que foram desviados e seu leito reduziu-se.

“A cada novo mapa podemos ver e traçar as mudanças ambientais à medida que elas ocorrem”, explicou Jethro Lennox, diretor do atlas. “Podemos literalmente ver desastres ambientais se desdobrando diante de nossos olhos”, concordou Mick Ashworth, redator-chefe do livro.

E se engana quem pensa que estas questões só afetam os aspectos topográficos de nosso planeta. Esses processos acabam por ter efeitos não só no meio ambiente, mas também na vida do ser humano, refletindo-se em questões políticas, administrativas e econômicas. Além, disso, alguns lugares, como as Ilhas Salomão no Oceano Pacífico, correm até mesmo o risco de desaparecer.

“O traçado dos lugares está mudando, como Bangladesh. Os níveis dos mares estão subindo cerca de três milímetros por ano, o que tem efeitos estranhos no litoral”, declarou Ashworth. “Estamos cada vez mais preocupados que em um futuro próximo características geográficas desapareçam para sempre. A Groelândia pode atingir um ponto crítico em cerca de 30 anos”, alertou Lennox.

Além dos dados geográficos, o atlas também contém informações sociais e demográficas. O livro cita, por exemplo, que 90% do aumento da população mundial, que pode chegar a sete bilhões no dia 31 de outubro de 2011, ocorreu em países menos desenvolvidos, principalmente no sul e no leste da Ásia.

* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.