Movimentos ambientalistas e organizações da sociedade civil querem evitar que a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que será realizada no Rio de Janeiro, em junho de 2012, desconsidere os anseios da população mundial e leve em conta apenas os interesses políticos.
Para Fátima Mello, que integra a Rede Brasileira pela Integração dos Povos, os países têm dificuldades de assumir compromissos com medo de prejudicar as economias, mas a Rio+20 pedirá que comecem imediatamente um novo ciclo de economia comprometido com as novas realidades ambientais.
“Vamos afirmar que não haverá uma Rio+40. Nosso planeta não aguentará isso. Vamos dizer claramente que estamos cansados de conferências sem capacidade de implementação e compromissos que não são condizentes com a crise do nosso planeta”, adiantou Mello à Agência Brasil.
As organizações da sociedade civil objetivam a criação da Cúpula dos Povos da Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, que funcionará paralelamente à conferência. O grupo também acompanhará os eventos preparatórios para o encontro promovido pela ONU.
“Não vamos permitir que o argumento da ‘economia verde’ olhe para a Amazônia, as florestas, a natureza, como mais uma fonte mercadológica capaz de atender as mesmas pessoas que estão destruindo o meio ambiente: os grandes blocos industriais, econômicos e até estatais”, denunciou o líder indigenista Marcos Terena.
Para organizar a Cúpula dos Povos, que deve promover debates, palestras e outros eventos durante a Rio+20, no Aterro do Flamengo, as organizações se reuniram no sábado, 2 de julho, na capital fluminense. Cerca de 500 pessoas de diversas entidades participaram do encontro.
Copa do Mundo
Os ativistas avaliaram os resultados da Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio92 ou Eco 92), que há 20 anos discutiu medidas para frear o aquecimento global, como o Protocolo de Kyoto. O documento propôs a redução da emissão de gases de efeito estufa, sobretudo no que diz respeito aos países ricos. Contudo, os Estados Unidos (um dos maiores emissores de CO2) se recusaram a assinar o tratado, que expira em 2012.
Os impactos sociais e ambientais das obras para Olimpíadas e a Copa do Mundo também foram debatidos. O ativista sul-africano Brian Ashley afirmou que está impressionado em ver as semelhanças nas reivindicações na África do Sul, último país a organizar a Copa, e no Brasil em relação ao evento esportivo.
“De repente, apareceu dinheiro para construção de elefantes brancos, como os estádios. Estamos vendo isso aqui também”, observou Ashley. Segundo ele, na África do Sul o problema dos transportes no país vem desde o Apartheid, e não foi resolvido com os investimentos da Copa do Mundo de 2010.
* Publicado originalmente no site EcoD.