Inovar, ser competitivo, ter lucro e ao mesmo tempo ser responsável, estar preocupado com questões sociais e ambientais. O setor empresarial está cercado de desafios. Desafios no curto, médio e longo prazos, segundo os debatedores da mesa-redonda “Inovação para a Sustentabilidade”, durante a Conferência Ethos 2011.
“A inovação para a sustentabilidade depende do modelo mental. Está para além da inovação tecnológica, exige inovação de mentalidade”, afirmou o professor da Fundação Dom Cabral Cláudio Boechat. Segundo ele, os países mais inovadores são aqueles que têm setores públicos norteando o mercado. Nesses países, “é o governo que puxa o barco e não o setor empresarial. O desempenho da administração pública é fundamental para inovar com sustentabilidade e, neste sentido, é fundamental que se tenha políticas como a de Resíduos Sólidos”, avalia Boechat.
Boechat acredita que, no geral, as empresas estão inovando, mas deixam a desejar quando o assunto são os temas mais urgentes da realidade brasileira. “Saúde, educação, habitação, segurança são temas que carecem de inovação. Por isto, digo que é preciso mudar a mentalidade empresarial para o que costumamos chamar de liderança mentalmente responsável”.
Carlos Alberto dos Santos, diretor técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), acredita que o desenvolvimento sustentável é nada mais que a competitividade ao longo do tempo. “Empresas que adotam a sustentabilidade têm mais chances de se manter no mercado”, afirma. Para ele, esta política tem uma relação direta com a perenidade do negócio. Assim, o Sebrae está construindo uma grande rede de capacitadores, responsáveis por levarem o tema para dentro das empresas.
O diretor executivo da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), Ricardo Correa Martins, acredita que a grande transformação cultural é a única chance de reverter a situação de crises – ambientais, sociais e econômicas – que vivemos. “Nossa capacidade de organizar e gerir esses processos é o que faz a diferença. Crises são falhas na gestão. O grande desafio é como organizar para gerir essa transformação para a sustentabilidade”, analisa.
Fernando Reinach, biólogo e sócio gestor do Fundo Pitanga, vê a inovação tecnológica como uma faca de dois gumes. “As coisas que a gente mais preza são as que trouxeram a gente aqui, que deram o sentido ao que vivemos hoje”, explica. Inovar para a sustentabilidade, segundo ele, é algo que depende muito das opções que fazemos, “depende da gente se liberar desse instinto animal de consumo exagerado e isso, do ponto de vista biológico, não é normal, mas racionalmente é”.
A inovação permite ao homem escolher que rumo seguir. Cada nova tecnologia abre um leque de opções. “Mas, a inovação em si vai continuar sendo uma faca de dois gumes, o que diferencia são as escolhas”, finaliza Reinach.
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