Doha, Catar, 20/6/2011 – O objetivo da rede extremista Al Qaeda de lutar contra Estados Unidos, Israel e seus aliados foi reafirmado pelo novo chefe da organização, o egípcio Ayman al-Zawahiri. “Com ajuda de Deus promovemos a religião da verdade e exortamos nossa nação a lutar e levar adiante a jihad contra os invasores apóstatas, encabeçados pela cruzada dos Estados Unidos, seu servente Israel e todos os que os ajudam”, afirmou.
A organização continuará lutando contra Israel e os Estados Unidos, diz o comunicado divulgado na semana passada pela organização. “O comando geral da Al Qaeda anuncia que, após consultas, designou o xeque Ayman al-Zawahiri chefe da organização”, diz a declaração publicada no site. Forças especiais norte-americanas mataram Bin Laden no dia 2 de maio em um ataque à casa em que se encontrava, na cidade paquistanesa de Abbottabad.
É desconhecido o atual paradeiro de Al-Zawahiri, mas acredita-se que se esconda na fronteira entre Afeganistão e Paquistão. Washington oferece recompensa de US$ 25 milhões por qualquer informação que permita sua captura. “Há algumas semanas, quando esteve o Paquistão, a secretária de Estado, Hillary Clinton, entregou ao governo uma lista com vários nomes”, informou Imtiaz Tyab, correspondente da Al Jazeera em Islamabad. “Dela constam cinco nomes, incluindo o de Al-Zawahiri. Não sabemos se isto significa que ele está no Paquistão, mas o assunto apresenta algumas dúvidas”, disse Tyab.
O novo líder da Al Qaeda conheceu Bin Laden no Paquistão, em meados da década de 1980, quando ambos apoiavam os insurgentes que lutavam contra a invasão da hoje extinta União Soviética no Afeganistão. O novo líder da Al Qaeda jurou, no começo deste mês, prosseguir a campanha contra os Estados Unidos e seus aliados, em sua primeira aparição pública após a morte de Bin Laden. “O xeque partiu como mártir, que Deus o tenha. Devemos seguir seu caminho, o da jihad para expulsar os invasores da terra dos muçulmanos e purificá-la da injustiça”, disse em uma mensagem em vídeo postada na internet. “Hoje, graças a deus, os Estados Unidos não têm de enfrentar uma pessoa ou uma organização, mas uma nação rebelde que despertou de seu sono em um renascimento jihadista, desafiando-os onde quer que estejam”, acrescentou.
A Al Qaeda “apoia o levante de nosso oprimido povo muçulmano contra líderes corruptos e tiranos que fizeram sofrer nossa nação no Egito, Tunísia, Líbia, Iêmen, Síria e Marrocos”, diz a declaração. Além disso, incentiva sua “luta até a queda dos regimes corruptos que o Ocidente introduziu em nossos países”.
Contudo, a Primavera Árabe dizimou a Al Qaeda em muitos países árabes, segundo Ayman Mohyeldin, correspondente da Al Jazeera na capital do Egito, onde a revolta popular derrubou, em fevereiro, o regime do presidente Hosni Mubarak. “Foi um golpe significativo contra a ideologia da Al Qaeda”, afirmou. “Muitas pessoas consideram que a organização perdeu impulso e apoio no mundo árabe porque as revoluções conseguiram mudanças sem recorrer à violência”, explicou. Envolverde/IPS
* Publicado sob acordo com a Al Jazeera.