O destino ecologicamente correto do Exxon Valdez
Responsável por um dos maiores vazamentos de petróleo da história, navio será enviado para reciclagem na Índia.
Responsável por um dos maiores vazamentos de petróleo da história, navio será enviado para reciclagem na Índia.
Em algum momento deste fim de semana, o navio conhecido como Exxon Valdez, responsável pelo derramamento de milhões de galões de petróleo nas águas do Alasca em 1989, chegará ao seu destino final, a praia poluída e coberta de manchas de óleo de Alang, na Índia, onde será reciclado no maior e mais notório centro de reciclagem de navios do mundo.
Ambientalistas dentro e fora da Índia estão indignados. O Valdez, rebatizado de (acredite) Oriental Nicety, ou Delicadeza Oriental, assim como a maioria dos navios reciclados na Índia, está cheio de substâncias perigosas em seu interior, como amianto e resíduos químicos. Sob as leis indianas e os tratados assinados pela Índia, esse tipo de importação de materiais potencialmente tóxicos deveria ser ilegal. Ainda assim, centenas de remessas como essa acontecem anualmente, levando navios como o Exxon Valdez para reciclagem na maculada praia de Alang.
Apesar da ordem dada pela Suprema Corte indiana na semana passada, para que este seja o último navio do tipo a ser importado para a Índia, ninguém (exceto os ativistas estrangeiros que combatem a reciclagem de navios) acredita que isto será posto em prática.
O motivo é muito simples: a crescente economia da Índia requer grandes quantidades de aço, e reciclar navios é a maneira mais fácil, barata e indiscutivelmente mais verde de conseguir o aço. A reciclagem de navios representa para a Índia 8% de seu fornecimento anual de aço. A prática se tornou a chave da indústria de aço indiana. O Oriental Nicety é exatamente o tipo de navio de que os recicladores de Alang gostam: grande e com compartimentos largos que facilitam a extração do aço.
Ativistas ambientais rejeitam o termo “reciclagem” para se referir ao que acontece com navios em lugares poluídos como Alang. Mas existem muitos pontos a favor da reciclagem de navios. Um deles é a economia de energia. A reciclagem manufaturada de um navio gasta em média 74% menos energia que a extração e produção de aço virgem escavado nas minas e produzido nas usinas siderúrgicas. Além disso, o aço não precisa ser derretido novamente, o que poupa ainda mais energia.
Para a Índia isso significa que uma rede de energia, já sobrecarregada, pode se encarregar de levar energia às pessoas carentes, ao invés de se dedicar apenas às usinas siderúrgicas. Além disso, a prática proporciona uma grande economia de espaço para o país, já que poupa áreas que seriam utilizadas para exploração de minérios.
* Publicado originalmente no site Bloomberg e retirado do site Opinião e Notícia.




