O mexicano global

O México está aberto para negócios Quando Jorge Castañeda (que mais tarde se tornaria ministro das relações exteriores) era um garoto, costumava viajar de carro para o Texas nas férias. “Um dos principais propósitos da viagem era comprar fayuca: eletrônicos, comida, roupas e aparelhos eletrônicos contrabandeados de toda sorte”.

Atualizado em 05/11/2012 às 11:11, por Ana Maria.

México é uma das grandes economias mais abertas do mundo. Foto: Reprodução/The Economist

O México está aberto para negócios

Quando Jorge Castañeda (que mais tarde se tornaria ministro das relações exteriores) era um garoto, costumava viajar de carro para o Texas nas férias. “Um dos principais propósitos da viagem era comprar fayuca: eletrônicos, comida, roupas e aparelhos eletrônicos contrabandeados de toda sorte”. Em seus mercado doméstico fechado, os mexicanos tinham poucas escolhas além de “aparelhos de televisão obsoletos, manteiga de amendoim rançosa e casacos esportivos Terlenka altamente inflamáveis”. Nos Estados Unidos eles podiam comprar produtos de qualidade baratos. A fim de contrabandeá-los na volta para casa, eles esconderiam produtos por todo o carro e deixariam uma pequena televisão ostensivamente visível. Os oficiais aduaneiros confiscariam a TV e não se importariam com o resto.

O México se transformou. Há uma geração o país defendia ferozmente sua fronteira nacional contra importações yanqui. Hoje, graças em parte ao Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA, na sigla em inglês), o México é uma das grandes economias mais abertas do mundo. A soma de exportações e importações atingirá o equivalente a 69% do PIB neste ano, de acordo com o HSBC – nível muito mais alto que o Brasil (19%) ou China (48%). Trata-se do segundo maior exportador de geladeiras do mundo e do segundo maior fornecedor de produtos eletrônicos para o EUA.

A localização ajuda. Nenhuma outra economia emergente tem uma extensa fronteira com o maior mercado do mundo. E os crescentes salários chineses estão fazendo com que o México se torne mais competitivo.

O México também é incomum na medida em que conta não apenas com uma elite globalizada, mas também com um proletariado globalizado. Os ricos estudam nos Estados Unidos; os pobres varrem o chão lá. Ambos os grupos beneficiam sua terra natal. A escala das idas e vindas entre as fronteiras é colossal. Um em cada dez mexicanos vive nos EUA – cerca de 12 milhões de pessoas. Isso cria um mercado para produtos mexicanos: Corona é a cerveja importada mais consumida ao norte da fronteira.

As empresas mais dinâmicas do México tendem a ser cosmopolitas. O Grupo Bimbo, o maior produtor de alimentos assados do México, também ocupa a mesma posição nos EUA. O Grupo Bimbo vende tortillas nos EUA e bagels no estilo americano no México. Outras empresas mexicanas estão abrindo suas asas. A Cemex é a maior vendedora de certos tipos de cimento nos EUA. O Alfa, um conglomerado, faz perfurações em busca de gás no Texas. O relatório Doing Business 2013 do Banco Mundial verifica que a burocracia está diminuindo: a posição do México no ranking da publicação que avalia itens como a dificuldade de abrir uma empresa e o pagamento de impostos em 48º do mundo – 82 colocações acima do Brasil.

* Publicado originalmente na revista The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.


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