Não podemos lidar com este (novo) mundo, como lidávamos no século passado (ou outro qualquer).
O mundo é dinâmico demais para mantermos as antigas maneiras de controle e tratamento. São antigas sim, mas aqui não existe juízo de valor no sentido de melhores ou piores. Estes juízos não cabem para fenômenos tão diversos como as concepções de visões de mundo que estamos tratando aqui.
A velocidade deste mundo é maior. Fato (?).
A Terra já não gira mais a 0,5 quilômetro por segundo. Ela gira agora na velocidade de gigabytes por segundo. Vimos há pouco tempo o livro lançado pelo Nicolas Carr, a colocação de um fator deste novo mundo em evidência: a internet. Ela poderia então mudar a forma do homem pensar. Uma forma mais fragmentada e muito mais dinâmica. Com mais informação e, possivelmente, menos conhecimento.
Esta (a internet) é apenas uma das faces da mudança que nos envolve. A quantidade de pessoas no mundo, a quantidade de informação disponível (por diferentes mídias), a urgência pelo ambiente global, a diminuição de relações familiares, as novas relações com o imponderável.
Todas estas mudanças, que não são nem boas nem ruins, não me cabe julgar, não aqui, são mudanças que devem ser pensadas pelo viés dos novos tratos com as pessoas. Num mundo que muda todos os dias, não podemos continuar fazendo as mesmas coisas. Mas a educação continua.
A escola é a mesma de sempre.
A postura educacional frente ao mundo mudou muito pouco nos referenciais teóricos, e nos referenciais práticos mudou menos ainda. Ou seja, o chão da escola, o dia a dia escolar continua o mesmo.
O problema é que o jovem não vive apenas na escola. Está constantemente em contato com o mundo externo (realmente ela muitas vezes parece uma bolha, ou uma cápsula do tempo que se preservou desde que foi criada até nossos dias), os educandos estão interagindo com este mundo e o mundo com eles.
Desta forma não podemos continuar ignorando estes fatos.
Não é possível que continuemos querendo que eles permaneçam sentados esperando pelos depósitos diários de informação passiva.
Este dinamismo precisa entrar na escola. Os educandos precisam se tornar agentes no processo educativo. O professor deve se atualizar, a escola precisa se modernizar, caso contrário, como muitas coisas antigas, pode se tornar obsoleta.
Como sempre faço mais perguntas do que dou respostas. Não sei a solução (inclusive, esta é uma expressão que precisa entrar mais no cotidiano escolar), mas quero buscar, junto com vocês.
* Osvaldo de Souza é professor de Física e Ciências Naturais em São Paulo.
** Publicado originalmente no Portal Aprendiz.