A Rússia está prestes a entrar na Organização Mundial do Comércio. Será que a indústria do país suportará?
Em 10 de julho, legisladores russos ratificaram a entrada do país no clube de livre comércio, o que deve acontecer oficialmente no mês que vem e deve retirar gradualmente a maior parte das barreiras ao comércio exterior que protege as suas indústrias domésticas até 2018. Isto pode ser um choque terrível para o setor de manufaturas russo, mas trata-se também de uma grande oportunidade. Os mercados estrangeiros abrirão as portas, e as empresas russas terão que competir com os melhores do mundo.
A economia russa hoje depende, em uma proporção alarmante, de bombear e extrair matérias do solo. Ainda assim, o país tem setores grandes além do de petróleo, gás e minerais. Foi apenas a partir da crise financeira, durante a qual os preços de petróleo e gás caíram e arrastaram a Rússia para uma recessão profunda, que o governo russo começou a fazer um esforço vigoroso para recuperar a decadente base manufatureira do país. Vladimir Putin já mencionou a possibilidade do estabelecimento de uma nova política industrial. No seu discurso de posse em maio, Putin prometeu criar 25 milhões de empregos altamente qualificados — um número fantástico equivalente a um terço da força de trabalho.
Ainda que o presidente tenha fracassado retumbantemente em diminuir a corrupção e a burocracia, ele pode estar sendo sincero em seu desejo de reviver a indústria russa. Desde 2009, cerca de 600 empresas estatais foram transferidas para uma agência de reestruturação, a Russian Technologies (RT). A RT também detém empresas promissoras em áreas tais como produtos eletrônicos, instrumentos óticos e metalurgia, muitas das quais fazem uma mistura de trabalhos militares e civis.
Há também algumas empresas independentes promissoras que fornecem equipamentos para as grandes indústrias russas e que poderiam ter um futuro interessante. Essas incluem empresas como a HMS e a Ozna, que produzem bombas, compressores e outros equipamentos para o setor de petróleo; e produtores de vagões e equipamento ferroviários, tais como a Transmashholding e a Altayvagon.
A recuperação do setor industrial russo será uma longa batalha. Ainda assim, seria tolice desconsiderar os industriais russos.
* Publicado originalmente no jornal The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.