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Energia: O Sol ilumina os campos

Daca, Bangladesh, 6/1/2012 – O Sol nunca foi tão brilhante como agora nos campos de Bangladesh, onde sistemas energéticos de baixo consumo, que utilizam esta fonte, transformaram a vida de dezenas de milhões de pessoas que não podiam ter acesso à rede elétrica nacional. Nizamuddin Sheikh, de 52 anos, tem um pequeno restaurante no mercado Foilerhat do distrito de Bagerhat, e acredita que os US$ 24 que pagou por um equipamento solar de 20 watts é o melhor investimento que fez em sua vida. O equipamento inclui painéis, baterias, regulador, uma série de lâmpadas fluorescentes compactas e luzes LED (diodo emissor de luz).

“Antes de comprar o equipamento da GS (Grameen Shakthi, entidade irmã do Grameen Bank), meu restaurante ficava aberto apenas durante o dia, mas agora estendo a atividade até à noite. Minha renda duplicou”, disse Sheikh à IPS. Agora tem 36 meses para pagar o resto do custo do sistema solar de uso doméstico, que é de US$ 5 por mês, o que, segundo ele, não é uma carga. “Uma vez que demonstremos os benefícios do sistema solar doméstico, as pessoas responderão com um tremendo interesse”, disse Habibur Rahman, gerente regional da GS em Bagerhat. “E então ofereceremos facilidades de pagamento com mensalidades baixas”, acrescentou.

São oferecidos vários pacotes, adaptados a diferentes tipos de renda de habitantes das áreas rurais. Os muito pobres podem ter um destes sistemas por apenas 10% do custo total, pagando em 36 prestações, como Sheikh. Normalmente, a população mais pobre opta por um equipamento solar que custa US$ 124 e tem capacidade para gerar dez watts. Quem tem mais dinheiro compra sistemas mais sofisticados, pagando 35% do custo total do sistema à vista e o restante em 12 meses. Os custos variam segundo a capacidade energética. O modelo mais caro custa US$ 925 e produz 135 watts de eletricidade ininterrupta durante quatro horas.

“Há demanda por unidades de sistemas solares domésticos devido às suas muitas vantagens, mas especialmente por serem muito mais baratos do que os combustíveis convencionais, como o querosene e o diesel, e não há gasto de manutenção”, explicou à IPS o diretor-gerente da GS, Abser Kamal. “Nas aldeias, a energia solar permite ampliar o horário de trabalho de estudantes, comerciantes e donas de casa. Agora podem fazer coisas como carregar o telefone celular de maneira prática, o que já muda suas vidas’, explicou Kamal.

“Sem energia solar, muitos aldeões provavelmente teriam de esperar anos para ter eletricidade da rede nacional. A energia solar está transformando suas vidas, o que permite um rápido desenvolvimento social e econômico”, acrescentou o gerente. Apenas 41% dos 142 milhões de habitantes de Bangladesh têm acesso à eletricidade distribuída pela rede nacional.

A GS, entidade pioneira na promoção da “energia verde”, começou em 1996 como agente única deste setor e atualmente é a maior distribuidora de sistemas solares domésticos, tendo entregue cerca de 700 mil unidades das 1,1 milhão existentes no país, que contribuem com a geração diária de 60 megawatts de eletricidade. Foi tão grande o sucesso do programa inicial de promoção dos sistemas solares domésticos que o setor privado vendeu 50 mil equipamentos em cerca de cinco anos, dois anos antes do objetivo de 2008. Neste ano, o governo fixou a meta de 5% de energia de fontes renováveis e 10% até 2020.

A atual geração de energia a partir de 81 estações equivale a 6.700 megawatts, 95% dos quais procedem da queima de combustíveis fósseis como carvão, óleo combustível, gás e diesel. A energia hidrelétrica representa apenas 3,3%. “Queremos promover o sistema solar em cada parte do país, por isso damos enormes incentivos ao setor privado”, para baratear esta opção, disse à IPS o ministro da Energia, Mohammad Enamul Huq.

Os incentivos governamentais para empresas que instalam estações solares incluem uma isenção de impostos por 15 anos e a exoneração do pagamento do tributo sobre exportações que corresponderia aos equipamentos. Os investidores estrangeiros obtêm exonerações em matéria de direitos, conhecimentos técnicos e facilidades para repatriação de lucros. Além disso, os estrangeiros que trabalham em projetos de energia solar não precisam pagar imposto de renda nos três primeiros anos de sua presença no país. O governo determinou no ano passado que todos os novos edifícios comerciais e habitacionais terão sistemas solares.

“A cada dia ajudamos a mudar a vida de sete mil habitantes de áreas rurais por meio da tecnologia solar”, disse Islam Sharif, presidente da empresa estatal Infrastructure Development Company Limited, que financia 90% dos sistemas solares domésticos de Bangladesh, em associação com a GS, outras empresas e organizações não governamentais. “Por intermédio de nossos 29 sócios ajudamos a agregar anualmente 24 megawatts de energia solar em Bangladesh”, destacou Sharif à IPS. M. A. Gofran, especialista em energias renováveis, afirmou à IPS que “dentro de dez anos queremos comemorar os 50 anos de independência da nação com todas as nossas aldeias usando energia renovável”. Envolverde/IPS