Com a criação do projeto socioambiental “Por um Mundo Melhor”, em 2001, o Rock in Rio entrou na era da sustentabilidade. Utilizando da doação de uma porcentagem dos ingressos, há dez anos o Rock in Rio já investia na construção de 70 salas de aula pelo Brasil. Desde 2006 (Rock in Rio-Lisboa) o evento vem fazendo também a contabilização e compensação de 100% das emissões de carbono durante a montagem, o evento em si e a desmontagem, incluindo aí todos os participantes do evento e suas respectivas pegadas ecológicas. A partir de 2008 o Rock in Rio-Lisboa se torna também 100% reciclável. Através de dois selos importantíssimos – o 100R e o CarbonoZero – o evento passa a ser não apenas um grande festival de música e entretenimento mas também um verdadeiro exemplo de sustentabilidade para outros eventos de grande porte.
Através da Sociedade Ponto Verde – empresa portuguesa sem fins lucrativos que concede o Selo 100R – o Rock in Rio gerenciará seus resíduos e embalagens além de, posteriormente, encaminhá-los para reciclagem em parceria com a Comlurb e a Barra Coop (Cooperativa de catadores da Barra da Tijuca que ficará com 100% da venda dos resíduos).
A certificação 100R está baseada nos três pilares da sustentabilidade: o econômico, o ambiental e o social. São pensados os custos do deslocamento, a garantia e a venda do material reciclado, a redução quantitativa dos resíduos que irão para aterros; a geração desses para a produção de composto orgânico e a integração dos catadores na operação assim como seus direitos em relação às receitas geradas a partir da venda dos resíduos.
A consultora Deloitte, responsável pela contabilização das emissões geradas pelo deslocamento de todos os participantes do evento, mercadorias e energia gasta na produção até o consumo assim como a geração de resíduos durante o festival será a intermediária da E. Value – empresa de consultoria que quantifica, reduz e compensa as emissões de dióxido de carbono – para que através do programa CarbonoZero o Rock in Rio compense suas emissões, o que está sendo feito a partir tanto do seqüestro de carbono (florestas) quanto das emissões evitadas em quantidade equivalente através de tecnologias limpas. Tudo isso faz parte do Plano de Sustentabilidade do evento, que possui como meta garantir que 100% dos resíduos gerados tenham destinação final adequada.
Serão implementadas medidas para que se atinjam as metas de 100% de aproveitamento dos resíduos e durante todo o processo os lojistas, patrocinadores e fornecedores terão acesso a equipamentos de coleta para participarem da operação. Outra forma de minimizar as emissões de Gases de Efeito Estufa durante o evento foi a de investir no transporte público e ao mesmo tempo tornar a área onde acontecerá o evento inacessível a automóveis, desse modo acredita-se que aproximadamente 50% das emissões sejam reduzidas.
Nesta edição de 2011, o Rock in Rio, através do investimento na Cerâmica Sul América, em Itaboraí e na Cerâmica GGP, em Três Rios, resolveu fazer a compensação das emissões a partir de um projeto de redução de emissão de CO2, desenvolvido pela Sustainable Carbon – Projeto Ambientais Ltda., onde acontece a substituição do combustível fóssil usado nas fábricas por biomassa. Além da redução nas emissões, o projeto também traz benefícios sociais para as comunidades, neste caso, a troca do combustível por biomassa gera créditos de carbono que são vendidos e reinvestidos na própria fábrica e na comunidade aumentando a produtividade e seu impacto positivo em Itaboraí e Três Rios. A Cerâmica Sul América utiliza parte da renda dos créditos de carbono na produção de cestas básicas para os funcionários e na doação de materiais de construção sendo um total de 158 funcionários e dezenas de pessoas da comunidade beneficiadas pelo projeto. Todo esse processo acaba por envolver diversos agentes como o “Movimento Rio eu Amo eu Cuido” que promoverá ações através de mímica visando os fumantes para que não joguem as guimbas de cigarro no chão através da distribuição de porta-guimbas.
Dentro do projeto “Por um Mundo Melhor”, nesta edição, o Rock in Rio investiu na música como base para a formação dos jovens. Nesse sentido vem promovendo ações: a Campanha Nacional de Doação de Instrumentos Musicais, a oficina de capacitação para assistente de luthier e a construção de salas de música e capacitação para professores com a metodologia “O Passo”. Algumas ONGs já estão recebendo os instrumentos que passam das 1.200 doações entre as quais a Gomas da Trident foi responsável por 300. Foi montada uma oficina de formação de assistentes de luthier no Centro de Referência da Juventude da Providência, uma das primeiras comunidades pacificadas da Zona Portuária da cidade. Estão sendo montadas 10 salas de aula de música em escolas públicas de diversas áreas da cidade onde a metodologia “O Passo” (que é usada no Brasil e no exterior e foi criada por Lucas Ciavatta e é orientada por quatro eixos: o corpo, a representação, o grupo e a cultura.) será aplicada.
Desse modo, O Rock in Rio entra no cenário mundial não apenas como um mega evento de música e entretenimento, mas sim como um guia para outros mega eventos que por sinal, não são poucos. Começando pela RIO+20 no ano que vem, tendo em seguida pelo menos a Copa do Mundo e as Olimpíadas. O Rock in Rio aparece para mostrar que é possível fazer um evento desse porte sem carbono, sem lixo e com muita assistência social.
* Publicado originalmente no site da revista Eco21.