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Obama ataca consumo dispendioso de petróleo

As novas diretrizes seguem uma disposição de normas de emissões mais rígidas para os automóveis e os veículos pequenos. Foto: Bigstock
As novas diretrizes seguem uma disposição de normas de emissões mais rígidas para os automóveis e os veículos pequenos. Foto: Bigstock

 

Washington, Estados Unidos, 21/2/2014 – Com a intenção de reduzir o consumo de petróleo e a liberação de gases-estufa nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama acaba de determinar a elaboração, no prazo de um ano, de novas normas para o uso eficiente de combustível e para limitar as emissões dos caminhões. Essas diretrizes seguem outras semelhantes para os automóveis e veículos pequenos e fazem parte de uma estratégia presidencial para diminuir os gases-estufa que o país produz, sem necessidade da aprovação do Congresso.

No dia 18, Obama ressaltou os êxitos de seu governo em matéria de padrões de consumo eficiente de combustíveis. “Nossos volumes de contaminação de carbono, causador da mudança climática, diminuiu apesar de a produção aumentar”, afirmou Obama. “Isso se deve, em parte, ao fato de termos nos dedicado a fabricar carros e caminhões novos que rendem mais por litro de combustível e isso economiza dinheiro das famílias, reduz a contaminação perigosa e gera novos avanços na tecnologia dos Estados Unidos”, acrescentou o presidente.

Obama não especificou quais normas de eficiência seu governo pretende fixar, mas disse que a Agência de Proteção Ambienta (EPA) e o Departamento de Transporte terão prazo até março de 2015 para elaborar uma proposta. Essa é a terceira rodada de padrões de eficiência em consumo de combustível do governo Obama. A segunda entrou em vigor no mês passado.

A EPA e o Departamento de Transporte já começaram a aplicar as normas para modelos de veículos de passageiros fabricados entre 2012 e 2025 e para os de caminhões e ônibus pesados fabricados entre 2014 e 2018. Os últimos padrões serão aplicados para modelos de carros fabricados a partir de 2018.

A União de Cientistas Preocupados (UCS) prevê que as normas para caminhões produzidos entre 2014 e 2018 reduzirão o consumo de petróleo em 390 mil barris por dia em 2030 e diminuirão a liberação de dióxido de carbono em 270 milhões de toneladas métricas. “O petróleo é o principal causador das emissões nos Estados Unidos”, detalhou à IPS o pesquisador Don Anair, subdiretor do programa de veículos limpos da UCS. “O governo já terminou os padrões para automóveis, os maiores consumidores de petróleo, seguidos dos caminhões”, pontuou.

Embora os caminhões, ônibus e veículos pesados com reboque representem apenas 7% do tráfego das estradas norte-americanas, utilizam mais de 25% do petróleo consumido nelas e contribuem com quase 20% da contaminação de dióxido de carbono do transporte. “Quanto a combater os efeitos do transporte no clima, os caminhões são o próximo objetivo e haverá uma redução considerável das emissões de petróleo”, disse Anair.

No total, os veículos automotores são responsáveis por um terço da liberação de dióxido de carbono dos Estados Unidos na atmosfera. A UCS também prevê que as novas normas vão gerar mais de 40 mil empregos até 2020 e mais de 70 mil uma década mais tarde.

Em resposta ao anúncio de Obama, a Associação de Fabricantes de Caminhões e Motores (EMA) declarou que continuarão a ser fabricados motores e veículos mais eficientes. “A EMA e seus membros têm uma longa história de cooperação com os organismos de controle”, afirmou o presidente da entidade, Jed Mandel. “Os esforços que realizamos ajudam a reduzir as emissões de gases-estufa e a melhorar a eficiência dos veículos a diesel, médios e pesados”, acrescentou.

Para alguns, se poderia aumentar o financiamento para a pesquisa e o desenvolvimento colocando um fim às isenções de impostos das empresas petroleiras. “Esse dinheiro poderia ser usado na tecnologia que precisamos para reduzir o consumo de petróleo, os impactos da mudança climática e a contaminação do ar”, opinou Anair. “Investir na tecnologia do futuro em lugar de continuar concedendo grandes isenções de impostos às empresas é uma excelente ideia”, acrescentou.

De fato, o próprio Obama solicitou reiteradamente ao Congresso o fim dos subsídios. “Devemos acabar com os US$ 4 bilhões em subsídios anuais às empresas petroleiras, quando estão obtendo ganhos praticamente sem precedentes”, afirmou o presidente em 2011. E acrescentou: “Devemos investir esse dinheiro na pesquisa de energia limpa, que realmente faria uma grande diferença”. Por outro lado, o governo Obama tenta que os países em desenvolvimento reduzam suas emissões de gases-estufa para combater a mudança climática.

Em uma visita no dia 16 à Indonésia, seu secretário de Estado, John Kerry, exortou esse país a assumir um papel mais ativo na redução da contaminação climática, a qual qualificou de um risco para a segurança quase tão grande quanto o terrorismo. “De certo modo, a mudança climática pode ser considerada uma arma de destruição em massa, talvez a arma de destruição em massa mais temível”, ressaltou Kerry em Jacarta.

De fato, esse fenômeno ambiental global apresenta um grande risco para a Indonésia, arquipélago formado por mais de 17 mil ilhas, na medida em que o calor contribui para o derretimento dos gelos polares e isto eleva o nível do mar, colocando em risco muitas ilhas do Pacífico. “Esta cidade, este país e esta região estão entre as regiões mais ameaçadas pela mudança climática. Não é exagero dizer que o estilo de vida que tanto desfrutam e apreciam está em risco”, enfatizou Kerry. Envolverde/IPS