Por que não multamos pais que continuem a enfiar porcarias goela abaixo de seus filhos?
Eu me sinto muito grato ao governo britânico por ter finalmente forçado as redes de fast food a exibir as calorias dos itens dos seus cardápios. Sem dúvida terá o mesmo efeito positivo dos alertas para que se “beba com moderação” nas propagandas de álcool. Certamente é só uma questão de tempo até o país se tornar uma nação de pessoas saudáveis e enxutas, mais felizes, mais em forma e mais saudáveis.
É claro, há uma pequena chance de que essa nova política não funcione. Que o cara obeso no KFC simplesmente dê uma olhada no número de calorias no seu balde de frango frito, morra um pouco por dentro, e continue a cometer suicídio pela boca. Gordos comem para escapar do mesmo jeito que alcoólatras bebem, viciados em heroína se picam, gastadores maníacos vão ao shopping, e Charlie Sheen faz tudo isso junto. E ainda que eu empatize com qualquer vício em seus espasmos maníacos, eu me choco com o nível de aceitação que a sociedade parece ter com a obesidade.
A mais triste de todas talvez seja a questão das crianças obesas. Moleques que desde os dois anos de idade convenceram os seus pais de que a sua condição privilegiada e necessidade de gratificação instantânea se aplicam tanto a um sundae do McDonald’s quanto ao direito a um lar e carinho. Estas crianças não têm “ossos grandes”, elas são vítimas de abuso. Pagos e premiados com gordura saturada por pais acuados, ou simplesmente indiferentes para dizer não. Se víssemos um quarto dos garotos e garotas de sete ou oito anos de idade vagueando pelas ruas fumando haveria um alvoroço. E ainda assim estamos cercados por crianças obesas e ninguém diz palavra. Por que Deus nos perdoe se prejudicarmos sua autoestima.
Gordos não são felizes. Eles são terrivelmente tristes. Aqui vai uma ideia. Por que não taxamos as redes de fast food pesadamente, à moda dos cigarros, subsidiamos alimentos mais saudáveis para famílias de baixa renda e multamos pais que continuem a enfiar essas porcarias goela abaixo de seus filhos? Um em cada três norte-americanos hoje em dia pesa tanto quanto, bem, os outros dois. Exibir um bando de números num cardápio é o equivalente ao “simplesmente diga não” dos comerciais de combate às drogas. Pouco demais, tarde demais, e amplo demais para fazer alguma diferença.
Tradução: Opinião e Notícia.
* Publicado originalmente no The Telegraph e retirado do site Opinião e Notícia.