A conquista da obrigatoriedade do ensino de filosofia na educação básica – homologada em 2006 – lança luz sobre o desafio de como tornar gratificante e envolvente a aprendizagem da disciplina em sala de aula.
Para mobilizar o interesse dos alunos por temas, problemas ou mesmo pela historiografia filosófica, diversas atividades vêm sendo criadas Brasil afora. É neste contexto que ocorrerá, no segundo semestre de 2012, a Olimpíada de Filosofia, realizada anualmente em Estados do Sul e do Sudeste do Brasil e em países vizinhos, como Argentina e Uruguai.
Sediada em São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, a Olimpíada tem o objetivo de estimular entre os jovens o pensamento filosófico, incrementando a sua importância e destaque nas diretrizes estabelecidas pelo currículo escolar.
Edições
Instituído em 1995 pela Unesco no programa “Filosofia e Democracia no Mundo”, o movimento olímpico de filosofia tem também edições internacionais, como as que ocorrem no continente europeu. Como aqui, as atividades são consideradas uma ação estratégica na difusão e estímulo da disciplina entre os jovens. Há também uma versão latino-americana do evento, este ano marcada para outubro, em Petrópolis (RJ).
Orientados a cada ano por um tema geral, os professores são convidados a desenvolver em sala atividades didáticas durante o período que antecede a apresentação no evento final. Para 2012, o tema será “Qual o Custo Social do Progresso?”.
As inscrições e informações detalhadas do cronograma podem ser obtidas no próprio site da Olimpíada. Lá os educadores também encontrarão um material de apoio específico em texto e em vídeos que introduzem os debates desta edição.
No site gaúcho – local em que o evento acontece pela quinta vez – há outras novidades, como o convite para a segunda edição infantil do evento. Voltada às crianças e prevista para o dia 20 de outubro, em Porto Alegre, o tema desta edição é “O que significa crescer”.
Proximidade
As atividades são desenvolvidas em duas etapas. Primeiro acontece nas escolas a pré-olimpíada, com as chamadas “Comunidades de Investigação”. A proposta consiste na realização de grupos de estudo e oficinas capazes de gerar diferentes produções, como textos, apresentações cênicas, poesias, desenhos, em trabalhos de caráter artístico-filosófico. Depois, no dia da Olimpíada, são apresentados e divulgados os resultados, em exposições e debates.
Segundo Luiz Pires, coordenador da Olimpíada de Filosofia no Estado de São Paulo, alunos de escolas e universidades são selecionados para estagiar na Olimpíada, contribuindo na elaboração do material de apoio disponibilizado para os professores via web, na divulgação, nos preparativos e na publicidade do evento.
Luiz Pires, que também dá aulas de filosofia no ensino superior, relata que a Olimpíada passou a fazer parte do calendário anual das escolas, além de ter aproximado professores e alunos no processo de aprendizagem de filosofia. “Foram instaurados instrumentos facilitadores que estimularam a aprendizagem”, diz.
Para ele, ainda são poucos os cursos de graduação em filosofia dedicados a pensar a capacitação e o papel do professor da disciplina na educação básica. “Na prática, nas escolas, é preciso cuidado para não se cair em extremos, tanto o de uma discussão aberta e generalizada, repleta de opiniões e pouca consistência teórica, quanto o de um ensino estritamente conteudístico, com pouco retorno dos alunos”, alerta Pires.
* Publicado originalmente no site Portal Aprendiz.