Nações Unidas, 19/5/2011 – Quando a Organização das Nações Unidas comemorar o Ano Internacional de Cooperativas, em 2012, reconhecerá as contribuições feitas por essas associações para o desenvolvimento econômico, incluindo a redução da pobreza, geração de empregos e integração social. Atualmente, cerca de 800 milhões de membros de cooperativas participam em diversos setores da economia mundial.
E estas iniciativas mantêm cerca de cem milhões de empregos em todo o mundo, afirmou Donald Lee, chefe do Escritório de Perspectiva Social sobre o Desenvolvimento, da Divisão para a Política Social e o Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo a Aliança Cooperativa Internacional, as associações de ajuda mútua têm um papel fundamental no fornecimento de assistência a mais de 20 milhões de pessoas afetadas pelas catastróficas inundações do ano passado no Paquistão.
“Em áreas de conflito e desastre, as cooperativas são fundamentais para a reconstrução e para edificar a paz”, disse Lee à IPS. Além disso, destacou que estas organizações estão centradas nas pessoas. “Potencializam seus membros para melhorar suas condições de vida por meio da busca de negócios sustentáveis”, afirmou. A ONU, há muito tempo, reconhece a contribuição das cooperativas para o desenvolvimento social e econômico.
Segundo a Secretaria do Ano Internacional de Cooperativas, estas são guiadas por sete princípios: participação voluntária e aberta; controle democrático por parte dos membros; participação econômica destes; autonomia e independência; educação, capacitação e informação; cooperação e enfoque na comunidade.
As Nações Unidas reconhecem quatro tipos principais de cooperativas: de consumo, de compra, de produção e de trabalhadores. Espera-se que o lançamento formal do Ano Internacional na Assembleia Geral, em outubro, dê início a uma discussão entre os 192 Estados-membros da ONU. Também existe uma proposta de realizar uma sessão especial da Assembleia Geral dedicada às cooperativas.
Consultado sobre o papel que estas organizações podem ter na promoção da agenda social e econômica da ONU, especialmente em relação aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, Lee disse que os grupos de ajuda mútua permitem às pessoas com recursos limitados expandirem sua participação em benefício das atividades econômicas. Por exemplo, podem ajudar a criar oportunidades para aqueles que possuem certas habilidades, mas carecem do capital necessário para maior participação na economia.
“Nestas capacidades, as cooperativas não só contribuem para o crescimento econômico, fortalecendo o sustento de seus membros e empregados, como também incentiva a fábrica social das comunidades onde operam”, destacou Lee. O especialista explicou que as cooperativas também dão proteção social destacando princípios de ajuda mútua e assistência coletiva. Como exemplo, disse que as cooperativas agrícolas são fundamentais na produção e distribuição de alimentos, e constituem componentes importantes de uma solução de longo prazo para a segurança alimentar.
Por seu lado, as cooperativas financeiras fornecem serviços acessíveis e diversos, especialmente para os pobres tanto do Sul em desenvolvimento quanto do Norte industrializado. Durante a última crise financeira, as cooperativas demonstraram sua capacidade de sobrevivência, e inclusive experimentaram um crescimento no volume de poupança e empréstimos.
As cooperativas também promovem a coesão social e o espírito comunitário, aderindo a princípios consistentes com um interesse no bem comum. Além disso, geram emprego produtivo e melhoram a renda, reduzindo, assim, a pobreza e contribuindo para que sejam alcançados os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. A erradicação da pobreza extrema e da fome, a educação universal, a redução da mortalidade infantil e materna e o combate ao HIV/aids, malária e outras doenças são algumas das metas fixadas pela comunidade internacional para 2015.
Segundo Lee, em 2012 serão realizadas várias conferências sobre o papel das cooperativas, e vários países-membros das ONU já criaram comitês nacionais para preparar as comemorações do Ano Internacional. Em outubro haverá uma discussão informal entre os Estados-membros, quando se poderá estudar a realização de uma conferência geral da ONU sobre o tema, acrescentou. Envolverde/IPS