Em sequência ao Ano Internacional da Biodiversidade, celebrado no ano passado, a Assembleia Geral da ONU faz de 2011 o Ano Internacional das Florestas. Na última sexta-feira, 3 de junho, uma Conferência na capital paulista apresentou as ações que a ONU promove no Brasil em prol do ano comemorativo.
Elas cobrem 31% da área total do planeta, são lar de 60 milhões de pessoas, entre comunidades tradicionais e indígenas, e ainda sustentam diretamente outros 1,6 bilhão. No entanto, o uso inconsciente dos recursos florestais acaba com 13 milhões de hectares de florestas por ano no mundo. Com o objetivo de fomentar a consciência pública para os problemas que afetam grande parte das florestas do mundo e as pessoas que delas dependem, o Fórum das Nações Unidas sobre Florestas propõem atividades difusoras das informações sobre as florestas.
Um logotipo que simboliza a interdependência dos elementos da floresta, um site que agrega materiais informativos e pedagógicos sobre a importância da conservação (www.humanitare.org/florestas) , uma coleção de selos postais, concursos artísticos, cinematográficos e fotográficos, anúncios de interesse público e curtas-metragens e, como não poderia deixar de ser, a escolha de um porta-voz ou mensageiro das florestas: pessoas que ocupam lugares de liderança nas comunidades para atrair a atenção da mídia, dando maior visibilidade à causa das florestas.
Durante a Conferência, a jornalista Chris Flores, da Rede Record, foi nomeada, de surpresa, a embaixadora brasileira do Ano Internacional das Florestas. A diretora da Divisão das Nações Unidas para as Florestas e Chefe do Secretariado do Fórum das Nações Unidas sobre Florestas (UNFFF), Jan McAlpine, frisou a importância de aproximar as pessoas das florestas. Já o professor do Instituto de Biociência da Universidade de São Paulo, Dr. Paulo Nogueira Neto, foi um pouco além e lembrou a íntima ligação entre a destruição das florestas e o aquecimento global, a economia madeireira e, do outro lado, a intensidade e freqüência dos fenômenos atmosféricos, que também se deve às mudanças climáticas. “Precisamos plantar mais florestas”, concluiu.
Enquanto Nogueira Neto ousou tocar no polêmico conceito de florestas plantadas; Fernando Moreira, CEO do HSBC Seguros no Brasil, preferiu simplificar e bater naquela tecla gasta sobre tudo se originar da floresta, sem a qual não há humanidade. Parou por aí.
O público da conferência, repleto de ambientalistas, educadores e até sindicato dos petroleiros – que queria discutir sobre suas dificuldades em manter uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) – ficaram desejando mais. E foi nas rodas de conversa dos intervalos onde se pôde escutar grandes debates sobre o modelo de conservação da Costa Rica, a participação feminina na liderança de comunidades florestais, o rastreamento da cadeia produtiva e, finalmente, sobre as polêmicas do Código Florestal e do assassinato do casal extrativista no Pará.
No fim do dia, a inauguração de um festival de filmes florestais buscou sensibilizar o público em torno da questão que foi slogan do evento: “Florestas: tão perto ou tão longe?”. Antes dos filmes, entre cochichos se ouvia a resposta. “A pergunta está errada. Nós é que estamos longe ou perto.”(Envolverde)