Organizações e povos indígenas continuam a ecoar críticas contra COP 17

A Conferência sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), conhecida como COP 17, realizada até o dia 11 deste mês, em Durban, África do Sul, não terminou com decisões adequadas para alterar o curso das mudanças climáticas. Para os movimentos sociais e ambientais, as decisões tomadas por Chefes de Estado e Governo podem ser consideradas “um crime contra a humanidade”.

Pouco ou nada foi feito concretamente para reduzir a emissão na atmosfera de gases causadores do efeito estufa, situação que agrava o tão temido buraco na camada de ozônio. Salvou-se o Protocolo de Kyoto, que deve ser substituído em 2015, mas a medida não representou uma vitória, pois se confirmou a falta de interesse das grandes potências financeiras em reduzir suas emissões. Os Estados Unidos continuaram fora do Protocolo e o Canadá, durante a COP, anunciou sua saída.

O processo chamado de “agricultura inteligente” também foi alvo de críticas por campesinos, campesinas e organizações que os representam. “Com o oferecimento de maiores rendimentos em pouca superfície, de ganância de bônus extras e de uma prática de ‘cultivo zero’ se quer convencer ao campesinado de que seja parte da agricultura inteligente”, denuncia Alberto Gómez, da Via Campesina.

O ativista alerta que a chamada agricultura inteligente obriga o uso de sementes transgênicas e a utilização de agroquímicos e ainda aumenta a bonificação dos/das agricultores/as que se comprometerem a cultivar cana-de-açúcar ou milho para a produção de agrocombustíveis.

Os povos indígenas também se manifestaram para criticar as discussões vazias e que nada contribuíram para mudar o curso dos problemas ambientais, originados pela falta de respeito do homem com a natureza. Como sempre confirmaram, eles creem na aplicação do Bem Viver como prática que protege, respeita e conserva.

“Há décadas os povos indígenas advertiram que as mudanças climáticas confirmam a quebra da relação harmônica entre os homens e a Mãe Terra, ponto em risco o futuro da humanidade. É todo um modelo de civilização o que está em crise, aquele que se iniciou há 500 anos com o saqueio dos bens naturais para o enriquecimento e a cumulação de capital. A alternativa é mudar o sistema, não o clima, apostando em um novo paradigma civilizatório, pelo Bem Viver, em harmonia entre os povos e a Mãe Terra”, defendem na Declaração dos Povos Indígenas do Mundo ante a COP.

Mais ações

Neste ano, outros eventos também foram levados a cabo e serviram como palco para os movimentos sociais se manifestarem contra o capitalismo e falta de vontade política para salvar o planeta. No marco da 8ª Conferencia Ministerial da Organização Mundial do Comércio, encerrada há poucos dias, organizações da Argentina, Brasil, México e Peru, junto a mais de 50 representantes da sociedade civil de 30 países, aproveitaram a oportunidade para repudiar o compromisso com o livre comércio e os lucros das transnacionais, que passam por cima dos interesses das populações mundiais e aprofundam a crise econômica.

O Dia Internacional do Migrante, comemorado em 18 de dezembro também foi momento de levantar a voz contra o racismo, a xenofobia e a falta de políticas voltadas para aqueles que tanto contribuem para o crescimento dos países onde fixaram residência. Na oportunidade, dezenas de movimentos sociais lançaram o Manifesto Migrante.

No Peru, 20 organizações, movimentos, Frentes e Plataformas se uniram para apoiar e se solidarizar com a luta da população do departamento de Cajamarca, que luta contra o projeto mineiro Conga de exploração de ouro, prata e cobre. Os peruanos também denunciam a iniciativa do presidente Ollanta Humala de decretar Estado de Emergência ante as manifestações contrárias à atividade mineira.

* Com informações do Pasalavoz

 ** Publicado originalmente no Adital.