Os problemáticos bancos espanhóis

O teste de stress final dos bancos espanhóis. Os bancos espanhóis precisarão de “apenas” US$ 51 bilhões – US$ 75 bilhões dos fundos de resgate europeus para fortalecer o seu capital contra um possível agravamento da economia do país.

Atualizado em 02/10/2012 às 10:10, por Ana Maria.

Quanto tempo Mariano Rajoy levará até para pedir um resgate? Foto: Reprodução/Internet

O teste de stress final dos bancos espanhóis.

Os bancos espanhóis precisarão de “apenas” US$ 51 bilhões – US$ 75 bilhões dos fundos de resgate europeus para fortalecer o seu capital contra um possível agravamento da economia do país. Esta foi a conclusão de uma análise dos catorze maiores grupos bancários espanhóis feita pela Oliver Wyman, uma consultoria. Os resultados são mais baixos do que algumas pessoas temiam, sendo que o gigante estatizado BFA-Bankia previsivelmente lidera o grupo, com uma necessidade de capital de US$ 32 bilhões. Os bancos Santander, BBVA, Caixabank e vários outros saíram ilesos.

Os US$ 75 bilhões representam os cálculos da Oliver Wyman da necessidade de recapitalização dos bancos espanhóis em um cenário adverso até 2014. A estimativa de US$ 40 bilhões é a previsão do governo espanhol de quanto será necessário após um terço dessas necessidades de capital terem sido fornecidas por outras fontes de recursos. Isso soa como um sinal de que a legião de pequenos investidores espanhóis que detêm controversos instrumentos híbridos e subordinados serão forçados a realizar um prejuízo grande e muito impopular. Muitos não entenderam o que exatamente estavam comprando quando os gerentes dos bancos venderam esses instrumentos a seus próprios clientes.

O governo espanhol e o banco central mereceriam uma salva de palmas moderadas por tudo isso caso essas medidas não tivessem levado quatro anos desde a explosão da bolha imobiliária – muitas das maiores empreiteiras do país foram a falência – para serem postas em prática.

Esta não é a primeira vez que um teste de stress dos bancos espanhóis é eivado de elogios. No entanto, as projeções do PIB para um cenário adverso – de 4,1% de crescimento real negativo neste ano e de 2,1% no ano seguinte – são certamente muito piores do que pode ser esperado, pelo menos para este ano. Mais questionável é a decisão de considerar um nível de desemprego de 25% como um caso adverso para 2012. Se esta estimativa deve ser considerada altamente improvável, conforme os burocratas afirmam, como explicar o fato de que a taxa de desemprego espanhola já atingiu esse patamar?

Caso Alemanha, Finlândia e Holanda mantenham suas posições declaradas no início da semana de que nenhum fundo de resgate pode ir diretamente para os bancos, a dívida nacional da Espanha aumentará ainda mais. Espera-se que os resgates dos bancos representem entre 4 e 6% do PIB do país. O orçamento apresentado em 27 de setembro deu uma ideia de como o pagamento de juros está onerando a economia espanhola. Os custos do serviço da dívida aumentarão em um terço, ou quase US$ 12,85 bilhões (cerca de 1% do PIB), em 2013.

A pergunta agora é quanto tempo Mariano Rajoy, o primeiro ministro da Espanha, levará para pedir um resgate, seja este de pequeno ou grande porte.

* Publicado originalmente na revista The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.


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