Arquivo

Otan promete proteger Misurata

Doha, Catar, 8/4/2011 – A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) prometeu proteger a população civil da Líbia e dar prioridade à cidade de Misurata, um dia depois de os rebeldes acusarem a aliança militar de ser lenta. “Temos um claro mandato e faremos tudo para proteger os civis de Misurata”, afirmou, no dia 6, Carmen Romero, vice-porta-voz da Otan, acrescentando que essa cidade é “prioridade número um”.

Por sua vez, o chanceler da França, Alain Juppe, informou que discutiria com a Otan a situação da cidade, sitiada pelas forças leais ao líder líbio Muammar Gadafi há 40 dias. “Misurata está em uma situação que não pode continuar, e vou discutir isso em poucas horas com o secretário-geral da Otan”, disse à rádio France Info. Também afirmou que as operações na Líbia complicavam mais, enquanto as forças pró-Gadafi adotam táticas que aumentam o risco de baixas civis. “Pedimos formalmente que não haja danos colaterais para a população civil. Isso, obviamente, dificulta as operações”, afirmou.

O chefe das operações da Otan, Mark van Uhm, havia informado que eram usados escudos humanos em Misurata para impedir que a coalizão identificasse objetivos. Acrescentou que as tropas de Gadafi ajustaram suas táticas para enfrentar os ataques da coalizão, viajando em caminhões e veículos leves para esconder seus tanques e carros blindados. O chefe das Forças Armadas da França, Edouard Guillard, reconheceu o ritmo lento das operações da Otan, mas explicou que “proteger civis significa não disparar contra nenhum lugar perto deles”.

No dia 5, Abdul Fatah Younis, chefe das forças rebeldes líbias, disse que a Otan os “decepcionara” pela lentidão em atacar objetivos como veículos das forças de Gadafi. “Civis estão morrendo diariamente por falta de comida ou leite. Inclusive crianças morrem, também por bombardeios. Se a Otan esperar outra semana será um crime que deverá carregar. O que está fazendo a Otan? Está bombardeando apenas algumas áreas definidas”, acrescentou.

“Quando uma grande força de tanques, e inclusive de artilharia, vai rumo a Bengasi, Ajdabiya ou Brega, sempre informamos imediatamente à ONU, pois não temos essas armas. A reação da Otan é muito lenta. Leva horas para que a informação chegue de um oficial a outro até chegar ao comandante em campo”, afirmou. Hoda Abdel Hamid, a correspondente da Al Jazeera na cidade de Bengasi, reduto dos rebeldes, disse que estes queriam mais ataques aéreos.

“Dizem que quando França e Estados Unidos estavam encarregados havia mais ataques, e que os ataques os ajudavam a avançar para Oeste”, afirmou Hoda. “Agora retrocedem para Leste, quase ao ponto inicial”. A correspondente acrescentou que existiam temores de que, se a situação continuar assim, o país poderá se dividir em dois.

Médicos disseram, na semana passada, que 200 pessoas morreram perto de Misurata desde o começo do levante em 17 de fevereiro, um número que provavelmente aumentou nos últimos dias. Por outro lado, o ministro da Defesa da França, Gerard Longuet, disse, no dia 6, que os rebeldes agora podem enviar suprimentos à cidade por mar. “Vamos garantir que a ajuda chegue a Bengasi e em momento algum as forças de Gadafi poderão deter isto”, disse à rádio France Inter. “Reabrimos o tráfego marítimo para Tobruk e Bengasi, de modo que as embarcações desta cidade poderão enviar suprimentos para Misurata, já que a coalizão impedirá qualquer ação da marinha de Gadafi”, acrescentou. Envolverde/IPS

*Publicado sob acordo com a Al Jazeera.