Pakuera: a sua chama, a sua luz e os seus ensinamentos jamais desaparecerão
Assisti a uma apresentação do Samba da Vela há mais de 10 anos, numa atividade de final de ano promovida pela sociedade amigos do bairro em que residia. Naquela ocasião apreciei muito a ideia original do grupo que cantava sambas da melhor qualidade e usava a vela como relógio.
Assisti a uma apresentação do Samba da Vela há mais de 10 anos, numa atividade de final de ano promovida pela sociedade amigos do bairro em que residia. Naquela ocasião apreciei muito a ideia original do grupo que cantava sambas da melhor qualidade e usava a vela como relógio. Quando a chama se apagou, o show terminou.
Na segunda-feira passada a Comunidade Samba da Vela completou 14 anos de estrada, e há 12 o palco dessa cantoria é a Casa de Cultura de Santo Amaro. Não fui à celebração de aniversário, mas sei que a cerimônia teve muita emoção.
Mas emoção maior estava por vir. Na manhã de 24 de julho, quinta-feira fria na terra da garoa, o meu querido amigo e irmão José Alfredo, o Pakuera, presidente do Samba da Vela, encerrou seu ciclo nessa existência e nos deixou. E para homenageá-lo fizemos uma vigília na mesma Casa de Cultura de Santo Amaro, que reuniu seus companheiros de samba e de batucada, familiares e amigos que tiveram a felicidade de conviver com ele nas suas mais de 50 primaveras.
Compositor de primeira linha, instrumentista espetacular, chef de cozinha marcante; apreciador, defensor e ativista da cultura negra; designer, cenógrafo e artista de diferentes expressões. Homem de personalidade forte e bem temperada, o Pakuera é e sempre será um ser humano maravilhoso; com quem, desde 2012 tive a alegria de compartilhar dilemas profissionais, histórias do viver e dezenas de momentos inesquecíveis.
Pessoas como o José Alfredo nunca morrerão. Sua chama, sua luz e os seus ensinamentos jamais desaparecerão. Salve, salve Pakuera, o nosso eterno Presidente, que estará sempre aqui, entre nós. Saravá! Por aqui, fico. Até a próxima.
* Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.




