Papa Bento XVI renuncia ao cargo deixando incógnita sobre posição da igreja a respeito da utilização de preservativos contra HIV

O clérigo alemão Joseph Ratzinger, que em 2005 se tornou o Papa Bento XVI, divulgou nessa segunda-feira, 11 de fevereiro, a renúncia ao principal posto dentro da igreja católica. O sumo pontífice enfrentou grandes polêmicas que abrangiam desde denúncias de pedofilia nas igrejas e a liberação do uso de preservativos em alguns casos, até desavenças com comunidades homossexuais.

Em uma visita a África em Março de 2009, o Papa disse que “o problema da aids é uma tragédia que não pode ser derrotada só com dinheiro ou pela distribuição de preservativos, o que até pode agravar o problema”, e foi bastante criticado pela comunidade médica e ativistas da luta contra a aids.

Declarações polêmicas em uma palestra na Universidade de Ratisbona, Alemanha, sobre Maomé, e durante uma visita ao maior campo de concentração nazista na Polônia, em Auschiwitz, ambas no ano de 2006, também trouxeram retaliações ao sumo pontífice.

Entre os anos de 2009 e 2010 a igreja católica recebeu inúmeras denúncias de pedofilia e Bento XVI fez algo inédito até então: pediu perdão pelos transgressores às vitimas com quem se encontrou.

Em novembro de 2010, em uma visita à Espanha, o Papa manteve a posição da igreja condenando o casamento gay – que havia sido legalizado recentemente no país – e o aborto. Ainda no mesmo ano ele afirmou que o uso da camisinha é aceito em algumas situações, como para conter a transmissão do HIV entre profissionais do sexo. Posicionamento também inédito para a igreja católica, que nunca aceitou oficialmente o uso de qualquer contraceptivo.

Em abril de 2012, Michel Sidibé, diretor executivo do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV e Aids (UNAIDS), se reuniu com o pontífice no Vaticano para pedir seu envolvimento pessoal a fim de acabar com as novas infecções pelo HIV em crianças (Saiba mais). Ás vésperas do Dia Mundial de Luta contra a aids, 1º de dezembro do mesmo ano, o Papa pediu por um maior acesso a medicamentos contra a aids para essa população.

Apesar da renúncia estar prevista no Código Canônico desde 1294, o último pontífice a se utilizar do recurso foi Gregório XII em 1415.

* Publicado originalmente no site Agência de Notícias da Aids.