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Além de anunciar que o chefe do Estado Maior do Exército, Ashfaq Pervez Kayani, apresentará um informe em uma sessão conjunta da Assembleia Nacional e do Senado, no dia 13, Gilani reiterou suas afirmações de que as forças especiais norte-americanas chegaram ao complexo de Abbottabad, onde Bin Laden se refugiava, graças à ajuda dos ISI. Gilani destacou que a nação toda confia nos serviços de inteligência e em seus líderes políticos. No entanto, o público esperava do primeiro-ministro declarações mais fortes, semelhantes às feitas pelo Exército, que qualificou de “ação unilateral não autorizada” a ação norte-americana, alertando que não seria permitida novamente.
“O argumento do primeiro-ministro de que a política nacional foi consistente com os desejos do povo não tem lógica, já que a nação foi severamente prejudicada por um ataque não autorizado dos Estados Unidos. O povo quer que o governo emita uma forte declaração”, disse o analista político Rohul Amin, professor no Colégio Governamental de Peshawar. A política externa paquistanesa nunca esteve alinhada com os desejos do povo, servindo aos interesses dos Estados Unidos em um nível inaceitável, acrescentou.
Por seu lado, o líder opositor Chaudhry Nisar Ali Khan disse em um discurso que confia no profissionalismo do Exército e dos ISI. Entretanto, “queremos uma explicação sobre como ocorreu a história de Abbottabad. Queremos que o primeiro-ministro siga as declarações do comando geral do Exército advertindo sobre ataques não provocados no futuro”, disse Khan.
Por um lado, Gilani admitiu o fracasso dos ISI para seguir o rastro até Abbattobad do terrorista mais procurado do mundo. Por outro, destacou que a agência facilitou o acesso norte-americano ao complexo. Também ordenou uma investigação sobre o ocorrido e garantiu que os responsáveis por Bin Laden ter permanecido no país seriam punidos. No entanto, o governo de Obama exigiu que o Paquistão revele quem entre seus funcionários deu amparo a Osama.
O Paquistão é a principal frente da guerra contra o terrorismo e perdeu mais de 3.500 soldados e dez mil civis em ataques suicidas e com bomba desde 2003, segundo estimativa. Muitos paquistaneses se decepcionaram com o discurso de Gilani. “Sabemos que nosso governo é fraco porque recebe enorme assistência financeira dos Estados Unidos”, disse à IPS Javid Ali, professor, acrescentando ter ouvido todo o discurso esperando uma declaração mais forte para contrapor as acusações de Washington.
O primeiro-ministro “só queria dizer aos Estados Unidos que está disposto a converter os militares e os ISI em bodes expiatórios apenas para agradar Washington”, disse à IPS Muhammad Farooq, estudante de Relações Internacionais na Universidade de Peshawar. Acrescentou que Gilani deveria responder de igual para igual as acusações de Washington, mas não o fez. Envolverde/IPS