Ativistas do Greenpeace Internacional, incluindo o diretor-executivo Kumi Naidoo, ocuparam uma plataforma de petróleo para pedir o fim da exploração do Ártico.
Um time de ativistas do Greenpeace Internacional, incluindo o diretor executivo Kumi Naidoo, ocupou na madrugada desta sexta-feira, 24, uma plataforma da petroleira russa Gazprom, em um protesto pacífico para pedir que a empresa abandone seus arriscados planos de perfurar poços na região do Ártico, esta frágil e inóspita região do planeta.
O protesto teve início às 4h da madrugada do dia 24 (21h de ontem, no Brasil), quando os ativistas partiram do navio Arctic Sunrise a bordo de três botes. Seis escaladores ocuparam a plataforma e interromperam suas operações. Mais de 15 horas depois, o grupo permanece no local. Eles estão fora de alcance, mas com suprimentos suficientes para resistir por dias.
Esta é a segunda vez que Kumi Naidoo se envolve pessoalmente em uma ação direta contra a perfuração de poços de petróleo no Ártico. Ativista sul-africano dos direitos humanos, Naidoo ocupou uma plataforma operada pela petroleira britânica Cairn Energy, em junho do ano passado.
“Escalamos esta plataforma da Gazprom com o apoio de mais de um milhão de pessoas que se juntaram ao novo movimento para proteger o Ártico. Estamos aqui em nome delas”, disse Naidoo antes de escalar a plataforma. “Também estamos lado a lado com as populações indígenas da Rússia, que semana passada assinaram uma declaração conjunta opondo-se à perfuração de poços de petróleo offshore nesta área próxima a seu território tradicional.”
No começo desta semana, cientistas do Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo, dos Estados Unidos, previram que neste mês de setembro o gelo ártico alcançaria o mais baixo nível já registrado, quebrando o recorde de 2007.
“Igual aos planos irresponsáveis da Shell de perfurar (poços de petróleo) no Alasca, não é uma questão de ‘se’ um vazamento vai acontecer, mas ‘quando’. A única maneira de evitar um catastrófico derramamento de óleo neste ecossistema único é banir permanentemente toda a exploração petrolífera agora.”
A Gazprom parece pronta a iniciar a exploração offshore de petróleo no Ártico no começo de 2013, tornando-se a primeira empresa a produzir em escala comercial na região.
Fora do prazo de validade
Na semana passada, o Greenpeace descobriu que a plataforma da Gazprom está operando sem um plano de contingência oficial para o caso de vazamento. O plano atual da Gazprom foi aprovado em julho de 2007 para um período de exatamente cinco anos. Em carta, o Ministério russo de Emergência admitiu ao Greenpeace que ainda não foi apresentado um novo plano.
O Ártico é um dos mais inóspitos e hostis ecossistemas do planeta. O local de perfuração da Gazprom é coberto por uma grossa camada de gelo por aproximadamente dois terços do ano. Temperaturas abaixo dos 50ºC também são comuns. O Mar de Pechora é frequentemente atingido por fortes tempestades e, durante o longo inverno setentrional, a região é mergulhada em uma escuridão quase total.
Apesar destas condições extremas, a Gazprom tornou público apenas um resumo de seu plano de contingência para o caso de vazamentos. Mesmo assim, este documento mostra que a companhia estaria completamente despreparada para lidar com um acidente no extremo norte e dependeria de métodos de limpeza fora do padrão, tais como pás e baldes, o que simplesmente não funcionaria em condições de gelo.
O Greenpeace está com uma petição internacional para recolher assinaturas para tornar o Ártico um santuário internacional, livre da exploração de petróleo e da pesca predatório. A intenção é levar as assinaturas e a proposta à ONU (Organização das Nações Unidos). Se você quiser participar da petição, acesse www.salveoartico.org.br.
* Publicado originalmente no site Greenpeace.