Dhoa, Catar, 12/5/2011 – Pelo menos cinco pessoas morreram por disparos feitos por tanques do Exército na cidade Síria de Homs, no contexto da repressão do regime de Bashar Al Assad aos protestos contra seu governo. “Homs foi sacudida pelas explosões de disparos de tanques e armas pesadas no bairro de Bab Amro”, disse Najati Tayara, ativista pelos direitos humanos.
Tayara afirmou que o Hospital Nacional em Homs recebeu pelo menos cinco cadáveres depois dos disparos, enquanto a agência oficial síria informou que um soldado foi morto enquanto “perseguia grupos terroristas armados”. Não é possível verificar de forma independente a informação sobre as baixas, já que o governo da Síria proíbe a imprensa internacional de informar de dentro do país.
Os informes das últimas mortes foram conhecidos quando o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, exortava Damasco a deter as prisões em massa e a atender as demandas por reformas. Ban disse, no dia 4, que o governo sírio deveria permitir que trabalhadores humanitários da ONU e de direitos humanos entrassem em Deraa, bem como em outras cidades, para avaliar a situação e as necessidades da população civil.
“Exorto o presidente Assad a atender o chamado do povo por reformas e liberdade, e desista das prisões em massa de manifestantes pacíficos, cooperando com os observadores de direitos humanos”, disse Ban aos jornalistas, em Genebra. “Estou decepcionado porque a ONU não consegue nenhum acesso a Deraa e outros lugares”, acrescentou.
Assad inicialmente respondeu aos protestos – o mais sério desafio ao seu regime em 11 anos – com promessas de reformas. Concedeu a cidadania à população curda e no mês passado levantou o estado de emergência que vigorava há 48 anos. Porém, também enviou o Exército para reprimir a insurgência em Deraa, onde começaram as manifestações no dia 18 de março, e depois em outras cidades, deixando claro que não arriscaria o controle que sua família tem sobre a Síria nos últimos 41 anos.
Em meio à crise, a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, disse no dia 4 que o bloco estudaria novas sanções esta semana contra o regime de Assad, e concretamente contra o presidente, não apenas contra seu círculo próximo. Quando europarlamentares perguntaram por que o nome de Assad não aparecia na lista de 13 altos funcionários sírios submetidos a sanções, Ashton respondeu: “Começamos com 13 pessoas que estavam diretamente envolvidas” em reprimir os protestos. “O veremos novamente esta semana. Asseguro que minha intenção é exercer o máximo de pressão política contra a Síria”, disse Ashton.
Ao falar ao jornal The New York Times, um poderoso primo de Assad afirmou que a família governante na Síria não capitulará. “Nos sentaremos aqui. Chamaremos à luta até o final. Devem saber que sofremos, mas que não sofremos sozinhos”, disse ao jornal Rami Makhlouf, uma das 13 pessoas submetidas a sanções. Este milionário, de pouco mais de 40 anos, e seu irmão, chefe da política secreta, são alvo de específicas sanções, desde 2007, por corrupção. Os manifestantes usam seu nome como símbolo de corrupção, em um país que enfrenta grave escassez de água e alto desemprego, que fontes independentes estimam em cerca de 25%. Makhlouf se defende afirmando que suas empresas dão emprego a milhares de sírios.
Por outro lado, a maioria dos jornalistas estrangeiros está proibida na Síria. O assessor presidencial, Bouthaina Shaaban, disse ao correspondente do The New York Times, a quem permitiu brevemente entrar no país, que o governo estava perto de restabelecer a ordem depois da instabilidade causada por “grupos terroristas”. E acrescentou que “agora que passamos o momento mais perigoso, espero ver o fim da história”. Envolverde/IPS
* Publicado sob acordo com a Al Jazeera.