As florestas de todo o mundo absorvem um terço do dióxido de carbono (CO2) oriundo da queima de combustíveis fósseis emitidos na atmosfera. Este dado, que foi divulgado pela revista americana Sciense, pertence ao estudo realizado por Pep Canadell.
A pesquisa, de âmbito internacional, alerta para as consequências do desmatamento no contexto do aquecimento global.
“Se amanhã suspendermos o desmatamento, as florestas existentes e aquelas em estado de reconstituição absorverão a metade das emissões de combustíveis fósseis”, afirmou Canadell à Folha.com.
Dados
Segundo a pesquisa, com dados das contribuições das florestas boreais, tropicais e das regiões temperadas para o ciclo do carbono, as florestas absorvem 2,4 bilhões de toneladas deste elemento químico, anualmente.
O desmatamento é responsável pela emissão de 2,9 bilhões de toneladas de CO2, o que representa, aproximadamente, 26% do total das emissões. Apenas os envios de combustíveis fósseis atingem mais oito bilhões de toneladas, por ano.
Resultado
O volume de carbono emitido devido ao desmatamento, nas regiões tropicais, foi contrabalançado pelo absorvido pelas florestas primárias intactas, tendo no final um balanço de carbono quase nulo.
As emissões de CO2 durante o desmatamento foram compensadas pela absorção do mesmo pela regeneração das florestas secundárias nas regiões onde a agricultura foi abandonada, apontaram os estudiosos.
Os dados, referentes ao período de 1990 a 2007, foram reunidos durante dois anos por uma equipe internacional de pesquisadores especialistas em aquecimento global.
Lições
Segundo Canadell, duas lições principais podem ser tiradas deste estudo. A primeira lição é que as florestas “não são apenas enormes reservatórios de carbono, mas absorvem também ativamente o CO2 produzido pelas atividades humanas. As florestas também assumem cada vez mais a dianteira em uma estratégia para proteger nosso clima”, assegurou.
A segunda é a possibilidade de obter ganhos econômicos com uma gestão melhor das florestas, aproveitando principalmente benefícios com a redução do desmatamento bem “maiores do que se pensava”, destacou.
Redd+
O mecanismo Redd+ (redução das emissões devido ao desmatamento e à degradação das florestas), adotado formalmente na conferência da Organização das Nações Unidas sobre o clima em Cancun, no México, no final de 2010, tem como objetivo estimular os países que têm florestas tropicais a evitar desmatá-las ou a administrá-las de maneira durável, obtendo compensações financeiras. Esta estrutura foi frisada por Canadell na segunda lição tirada por ele.
* Publicado originalmente no site EcoD.