Pesquisa mostra aquecimento do mercado de trabalho para deficientes físicos

O mercado de trabalho para deficientes físicos está aquecido. Levantamento realizado pela Plura Consultoria e Inclusão Social mostrou que todas as 71 empresas consultadas já tomaram alguma medida para incluir profissionais com deficiência em seu quadro de funcionários. 

 

 

 

 

Brasil já tem 200 mil deficientes empregados.

“É um caminho sem volta”, disse Alex Vicintin, CEO da Plura, em entrevista ao AsBoasNovas.com sobre a pesquisa Inclusão de Profissionais com Deficiência – Fatos e Dados. “É uma tendência da sociedade. Uma vez que se ocupa um espaço, não tem como deixar de ocupar. É um direito garantido.”

Na visão de Vicintin, a inserção de deficientes físicos no mercado de trabalho é uma tendência que foi desencadeada pela maior fiscalização** do governo, mas deve se transformar em um movimento natural, assim como se deu com a inclusão das mulheres. “Antes do aumento da fiscalização, o Brasil possuía apenas 600 deficientes físicos empregados. Atualmente, temos cerca de 200 mil.”

Retenção de talentos

Entretanto, apesar de os olhos do mercado estarem voltados para a inclusão de deficientes físicos, há ainda muito o que evoluir na manutenção desses talentos. Das medidas tomadas pelos participantes pesquisados, a maior incidência (28%) envolve ações de recrutamento e seleção, enquanto a menor abrange desenvolvimento de planos de retenção (8%).

Vicintin avalia esse resultado como fruto de uma cultura empresarial de falta de planejamento. “Se as empresas passarem a olhar também a porta de saída, além da de entrada, vão ver que estão gastando muito mais do que deveriam”.

Como exemplo, o CEO da Plura citou que há empresas que contratam entre 20 e 30 pessoas portadoras de deficiência por mês, mas chegam a perder entre 20 e 25. A pesquisa apontou que, para 42% das companhias consultadas, a rotatividade dos deficientes físicos está acima da média dos demais.

Para Vincintin, uma das causas que explica esta rotatividade elevada é o aquecimento do mercado de trabalho para deficientes físicos. Considerando todas as empresas que devem contratar pessoas com deficiência no país, existe um potencial de 851.078 vagas em aberto. Até dezembro de 2009, apenas 152.537 foram preenchidas.

Obstáculos

Na visão das companhias consultadas, as duas principais barreiras para a inclusão do deficiente físico no mercado de trabalho são a baixa qualificação profissional (36,1%) e a resistência dos gestores (27,7%).

Segundo Vicintin, a formação educacional dos deficientes físicos já apresenta melhora significativa, com grande concentração de profissionais com ensino médio completo. “Para os próximos quatro ou cinco anos, a tendência é de um novo ciclo com muitos profissionais com formação superior.”

Sobre a resistência das lideranças, a interpretação da Plura é de que existe uma aspecto cultural. As pessoas não estão acostumadas a conviver com deficientes físicos na escola e no trabalho, logo, o receio do desconhecido é comum. Dessa forma, sensibilizações e treinamentos devem ser as ferramentas para a desmistificação do profissional com deficiência, que possui as mesmas condições que qualquer pessoa para competir no mercado de trabalho.

**Em 1999, o decreto 3.298 instituiu cotas de deficientes físicos para o quadro de funcionários das empresas. Companhias com de 100 a 200 colaboradores, devem contratar 2% de profissionais com deficiência física; de 201 a 500, 3%; de 501 a 1.000, 4%; e de 1.001 em diante, 5%.

*Reportagem publicada originalmente no As Boas Novas.